sangue

Antes de determinar-se em sua configuração tangível e orgânico-representativa, isto é, como corpo, a vida existe em forma fluida e sub-liminal, como pré-corpo, como Sangue. A forma apolínea do corpo emerge da Noite dionisíaca do Sangue, do Sangue passional que é o nosso verdadeiro ser. A força plasmática e criadora do Sangue, do Sangue como emblema real da Vontade, é que produz a partir de si os órgãos e formações somáticas do corpo humano. Não se trata evidentemente do sangue enquanto objeto de hematologia, do conceito citológico do sangue, pois como já dissemos, essa categoria é apreendida ao transcender-se toda a esfera representativa do nosso conhecimento. Somos esse sangue na pulsação inconsciente e pré-representativa do nosso viver; e é na fluidez noturna dessa vida subliminal que nos captamos como vontade, como querer puro. Os corpos e suas particularidades e idiomatismos próprios obedecem às inflexões desse momento pulsional básico, às modulações do Sangue, desde que devemos rebater e reduzir a representação corpóreo-exterior à caudal produtiva dessa proto-forma do impulso e do apetite. [VFSTM:153]