céu

(gr. ouranos; lat. caelum; in. Heaven; fr. Ciei; al. Himmel; it. Cieló).

Aristóteles distingue três significados do termo: 1) a substância da circunferência externa do mundo, isto é, o corpo natural que está na extrema periferia do universo: nesse sentido, dá-se o nome de céu à região que se acredita ser a sede da divindade; 2) o corpo que ocupa o lugar mais próximo da circunferência externa do universo e no qual se acham a Lua, o Sol e alguns astros, dos quais de fato dizemos que estão “no céu”; 3) todo corpo que é encerrado pela circunferência externa, isto é, o próprio mundo na sua totalidade (Decael., I, 9, 278 b 10). Este último significado já fora atribuído à palavra por Platão (Tim., 28 c). A doutrina fundamental de Aristóteles sobre o céu é a da incorruptibilidade. Aristóteles acreditava que o céu era formado por uma substância diferente da das coisas sublunares, isto é, pelo éter. O éter, que se move somente por movimento circular, não pode sofrer geração nem corrupção. A geração e a corrupção dos corpos acontecem pelo alternar-se dos dois movimentos opostos (do centro e para o centro), a que estão sujeitos os elementos (água, ar, terra, fogo) que compõem os corpos sublunares; de modo que o céu, que se move por movimento circular, que não tem oposto, é incorruptível e ingenerável (De cael., II, 1 ss.). A doutrina da incorruptibilidade dos céu dominou toda a física antiga e medieval. Na Antiguidade, talvez tenha sido posta em dúvida por Teofrasto (cf. Steinmetz, Die Physik des Theophrast, 1964, 158 ss.). Na Idade Média, o primeiro a pô-la em dúvida é Ockham, que, no séc. XIV, nega a diversidade entre a matéria que compõe os corpos celestes e a matéria que compõe os corpos sublunares e admite como única diferença entre eles o fato de que a matéria dos corpos celestes não pode ser transformada pela ação de nenhum agente criado, mas seria necessária, para esse fim, a ação direta de Deus (In Sent, II, q. 22 B). Mas essa crítica de Ockham foi ignorada por seus próprios seguidores, sendo retomada só um século depois por Nicolau de Cusa: este afirma que a geração e a corrupção, verificadas na Terra, provavelmente também se verificam nos outros astros, porque não há diversidade de natureza entre estes e a Terra (De docta ignor., II, 12). Todavia, o fim dessa doutrina só foi marcado pela crítica feita por Galileu em Diálogos sobre os dois sistemas máximos (1632). (Abbagnano)


CÉUS — CÉU

VIDE: CÉU E TERRA; INFERNO E PARAÍSO; SUBIR AO CÉU; BABEL; CAMINHO DO CÉU; REPRESENTANTE DO CÉU

CRISTOLOGIA: CÉU

PERENIALISTAS
René Guénon: Tríade: Céu Terra Homem

Roberto Pla: Evangelho de Tomé – Logion 11

O que diz em definitivo o logion é que não só é transitório o céu senão também o céu dos céus. Daí que na revelação interior do Filho do homem, que sim é eterno, se diz que virá “sobre as nuvens do céu” (Mt 24,30), expressão com a qual se significa que tal contemplação ou revelação não será possível sem ultrapassar antes a névoa ou nuvem de enigma sobre a qual cavalga a luz pura do Filho do homem. Por outra parte, se afirma que a residência do Filho do homem se acha ainda mais alta que a nuvem do céu dos céus (Hb 7,26), quer dizer, na esfera do Ser, onde a Vida é eterna e não há de passar.


TAO: ChuangTzu: O influxo do céu


FILOSOFIA
Platão: FEDRO (247b-247e)

Michel Henry: EU SOU A VERDADE
A adição “aquele do Céu” não é sem interesse. Sem dúvida esta expressão é suficiente para desqualificar o cristianismo aos olhos dos homens de nosso tempo que são os crentes do mundo. Na verdade do mundo o céu não designa senão uma parte deste mundo, aquela que exploram os cosmonautas. Fora deste “céu” tornado domínio da ciência, nada mais responde a este termo. O “Céu” do cristianismo nada mais é que o vazio, um lugar imaginário além do mais, aquele da satisfação fantasmática de desejos não realizados aqui em baixo. A conexão constante que estabelece ao contrário o discurso do Cristo entre o Pai e o Céu dá a este o valor de um conceito rigoroso. É o conceito da Vida que não aparece em nenhum mundo e não se revela senão nela mesma. Em seu auto-engendramento absoluto, ela é o Pai cujo Cristo é o Filho. Porque, em seu discurso sobre ele mesmo, o Cristo se pensa como este ArqueFilho co-engendrado no auto-engendramento da Vida absoluta, ele não pode senão rejeitar radicalmente a ideia de sua genealogia humano-mundana, e ele o faz de diversas maneiras acordadas cada vez à astúcia e estupidez de seus interlocutores.


Se o Sol e a Lua podem ser considerados como Janua Caeli, isso se deve ao fato de que, na realidade, o céu, nos dois casos, não é tomado no mesmo sentido: de uma maneira geral, na verdade, esse termo pode ser empregado para designar tudo o que se refere aos estados supra-humanos. Mas é evidente que há uma grande diferença a ser feita entre aqueles estados que pertencem ainda ao Cosmo e o que, ao contrário, está além do Cosmo. No que se refere à “porta solar”, trata-se do céu que se pode dizer supremo e “extracósmico”; ao contrário, no que diz respeito à “porta lunar”, trata-se apenas do Swarga, ou seja, aquele dentre os “três mundos” que, embora seja o mais elevado, está ainda compreendido no Cosmo, da mesma maneira que os outros dois. (Guénon)


CÉUS — CÉU

VIDE: CÉU E TERRA; INFERNO E PARAÍSO; SUBIR AO CÉU; BABEL; CAMINHO DO CÉU; REPRESENTANTE DO CÉU

CRISTOLOGIA: CÉU

PERENIALISTAS
René Guénon: Tríade: Céu Terra Homem

Roberto Pla: Evangelho de Tomé – Logion 11

O que diz em definitivo o logion é que não só é transitório o céu senão também o céu dos céus. Daí que na revelação interior do Filho do homem, que sim é eterno, se diz que virá “sobre as nuvens do céu” (Mt 24,30), expressão com a qual se significa que tal contemplação ou revelação não será possível sem ultrapassar antes a névoa ou nuvem de enigma sobre a qual cavalga a luz pura do Filho do homem. Por outra parte, se afirma que a residência do Filho do homem se acha ainda mais alta que a nuvem do céu dos céus (Hb 7,26), quer dizer, na esfera do Ser, onde a Vida é eterna e não há de passar.


TAO: ChuangTzu: O influxo do céu


FILOSOFIA
Platão: FEDRO (247b-247e)

Michel Henry: EU SOU A VERDADE
A adição “aquele do Céu” não é sem interesse. Sem dúvida esta expressão é suficiente para desqualificar o cristianismo aos olhos dos homens de nosso tempo que são os crentes do mundo. Na verdade do mundo o céu não designa senão uma parte deste mundo, aquela que exploram os cosmonautas. Fora deste “céu” tornado domínio da ciência, nada mais responde a este termo. O “Céu” do cristianismo nada mais é que o vazio, um lugar imaginário além do mais, aquele da satisfação fantasmática de desejos não realizados aqui em baixo. A conexão constante que estabelece ao contrário o discurso do Cristo entre o Pai e o Céu dá a este o valor de um conceito rigoroso. É o conceito da Vida que não aparece em nenhum mundo e não se revela senão nela mesma. Em seu auto-engendramento absoluto, ela é o Pai cujo Cristo é o Filho. Porque, em seu discurso sobre ele mesmo, o Cristo se pensa como este ArqueFilho co-engendrado no auto-engendramento da Vida absoluta, ele não pode senão rejeitar radicalmente a ideia de sua genealogia humano-mundana, e ele o faz de diversas maneiras acordadas cada vez à astúcia e estupidez de seus interlocutores.