A subsistência compete a tudo aquilo que possui ser, não em outro, senão em si mesmo. Daí, o convir a subsistência, antes de mais nada, à substância completa. Dado que subsistir equivale a existir-em-si-mesmo, não subsistem nem os acidentes, nem a forma essencial de um corpo, nem, em geral, a parte fora do todo concreto. Sob este aspecto, ocupa uma certa posição excepcional a alma espiritual que, possuindo seu ser originariamente em si mesma e independentemente da matéria, comunica o ser a esta, de sorte que a sua subsistência não depende da subsistência do todo concreto, mas, ao invés, esta depende daquela. Um espírito puro é uma forma essencial subsistente. O Ser subsistente é o ser que existe em si mesmo, portanto, que existe de modo absoluto e sem qualquer relação real a uma essência distinta dele; existe, por conseguinte, para além de todas as determinações categoriais (transcendência). A natureza das coisas finitas subsiste, segundo seu próprio ser finito, nelas próprias; segundo seu conteúdo ontológico positivo, subsiste também, sem suas peculiares limitações, no Ser subsistente o qual, mercê de sua infinidade, precontém em si, de modo eminente (“eminenter”) todo ser finito. Quanto mais um ente se aproxima ao Ser subsistente, tanto mais espiritual é e tanto menos apegado à matéria. Os graus do ser são também os graus de sua identidade e espiritualidade. O que subsiste, distinto absoluto ou relativamente de outro ser, chama-se supósito (suppositum); o supósito, se subsiste numa natureza dotada de razão, recebe o nome de pessoa (na terminologia escolástica). — Brugger.
Tem-se sustentado que os gêneros e as espécies subsistem, enquanto os indivíduos não subsistem mas também são substantes. Subsistir é o caraterístico da subsistência e ser substante é o caraterístico da substância. De acordo com esta opinião, a subsistência pode ser considerada como uma caraterística das substâncias, que assinala o existir por si, e não em outro; a isto chama-se subsistir. As substâncias podem ser chamadas subsistências, sempre que se tenha presente que esta definição não esgota os aspectos dos ser substância. O termo subsistência (tal como subsistente e subsistir) não têm tido um sentido perfeitamente unívoco. Na época moderna, alguns chamaram subsistência à existência de uma substância face à inerência que é a existência dos acidentes, quando se atribui a estes um modo de ser especial como algo real na substância. [Ferrater]