política

A raiz da palavra POLÍTICA é Pla, como na palavra grega pimplemi e na sanscrítica pur ou cidade, cidadela, fortaleza, do latim plenum (que em sânscrito é purnam), que também significa cheio e encher. (Coomaraswamy)


Larousse

(do gr. polis, cidade, e technê, ciência), ciência do governo dos Estados. — Como ciência teórica, a política é a ciência do ideal ou da doutrina a partir da qual o governo deve regrar suas ações. Em geral, os “partidos” é que elaboram essa doutrina ideal (que não deveria ser formulada por “políticos”, que se regulam por seus humores e cujo único objetivo é a obtenção pessoal do poder, mas sim por especialistas do direito, da história e da economia, dirigidos por um filósofo). As discussões deveriam ser essencialmente teóricas e focalizar-se nos princípios concernentes: para o interior, aos problemas de constituição; para o exterior, à definição da personalidade nacional e ao sentido da história. .— Como prática, a política consiste unicamente na administração dos negócios da nação, em função de uma doutrina definida; essa administração requer competências técnicas muito precisas (finanças, economia, pedagogia etc). Rigorosamente, todo funcionário do Estado participa do funcionamento do país e, por isso mesmo, todos os atos que efetua definem uma conduta política. Numa palavra, a política, como ciência do governo, de seus fins ideais e de sua administração, deve ser outra coisa que não um jogo de combinações para atingir-se o poder. — A filosofia política não é absolutamente uma técnica da ação política (um gênero de escola de “maquiavelismo”); ela retorna a uma meditação sobre o fato da diversidade das instituições políticas: apresentou-se, na Antiguidade (em Platão, por exemplo, no livro VIII de A república e em seu diálogo As leis), e mesmo em Montesquieu, como uma ciência do melhor governo: tal governo era, para Platão, o da “aristocracia” no sentido etimológico (do gr. aristos, o melhor), como governo dos melhores, dos mais capazes. Montesquieu diferenciava a monarquia, a aristocracia e a democracia, afirmando o primado da monarquia. Foi ele quem analisou pela primeira vez o problema da “consittuição” melhor: desde então, o problema fundamental que todo país democrático deve superar é o de conciliar em sua constituição essas duas exigências: por um lado, estabelecer um governo forte e eficaz; por outro, preservar uma vida pública, livre e democrática. Esse problema, que fora antes de Montesquieu, tornou-se em nossos dias um problema de técnica jurídica, não mais um problema propriamente filosófico. — Qualquer que seja a forma do governo (monárquico, popular etc.) e sua qualidade geral, a exigência que deve preencher é a de ser um governo legítimo. Foi no século XVIII que Rousseau substituiu a procura do melhor governo pelos princípios do governo legítimo, isto é, instituído não pela violência, mas através da ordem e da continuidade do direito. Na verdade, todas as filosofias políticas comportam uma observação dos fatos, uma classificação das instituições políticas e uma reflexão axiológica sobre o valor dessas instituições. Atualmente, o objetivo da filosofia política é compreender a ação do homem na história, isto é: l.° pensar todos os problemas sociais e humanos no nível da totalidade do país: no próprio nível em que devem se colocar os governantes que, na agitação de sua função frequentemente especializada, nem sempre têm ocasião ou lazer para pensar os problemas do ponto de vista do contexto total do país e da história do mundo; 2.° destacar, por isso mesmo, um certo sentido da história, suscetível de esclarecer os homens e de definir uma certa forma de engajamento esclarecido. O filósofo da história apresenta-se eminentemente como um pedagogo para a nação. Nesse domínio, o filósofo deve indicar o sentido da ação a prosseguir-se (não há dúvida, por exemplo, que O contrato social de Rousseau [1762] preparou os espíritos para a Revolução Francesa). — Meditacão desinteressada, procura de um “engajamento” exemplar, a filosofia política é, numa palavra, a ciência do interesse nacional, na perspectiva do interesse supremo do homem (atualmente, na França, apenas a Filosofia política de Eric Weil [1956] mantém-se à altura de sua definição). (V. governo, filosofia da história, liberdade [sentido social da].) (Larousse)


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