phantasia

phantasía: imaginação, impressão

Platão usa o termo phantasia como uma mistura de juízo e percepção (Teeteto 195d). Para Aristóteles a imaginação (phantasia) é um intermediário entre o perceber (aisthesis) e o pensar (noesis), De anima III, 427b-429a (confrontar a posição análoga de phantasia em Plotmo, Eneadas IV, 4, 12). É um movimento da alma causado pela sensação, um processo que apresenta uma imagem que pode persistir mesmo depois de desaparecer o processo da percepção. Phantasia é definida por Zenão como «uma impressão na alma» (Sexto Empírico, Adv. Math. VII, 236), um «impulso do exterior» capaz de ser captado (katalepsis) pela alma e aí permanecer (Cícero, Acad. post. I, 11, 40-42). A sua natureza sensual foi mudada de «impressão» para «alteração» por Crisipo (Sexto Empírico, Adv. Math. VII, 228-231, 233) que também sustentou que ela e não a katalepsis era o critério da verdade (D. L. VII, 54; ver katalepsis).

Para o papel de «fantasiar» na criação de «falsos prazeres», ver hedone; para mais comentários sobre o seu papel na intelecção, noesis. [FEPeters]


phantasía (he): imaginação.

Faculdade da alma humana de criar imagens imanentes.

O radical phan, oriundo da raiz phao, luz, indica aparência. É encontrado no verbo phaínein / cpaíveiv: fazer aparecer (futuro, phanô) e seu passivo phaínesthai / phainesthai (1a pes. sing.: phaínomai), aparecer. Particípio neutro: phainómenon / phainomenon, aparência, fenômeno. A phantasía, num primeiro sentido, é aparência ou imagem, ou seja, aparição ou simulacro da realidade.

Platão emprega incidentemente essa palavra, ora no sentido de aparência (Deus é simples e não nos engana com simulacros, Rep., II, 382c), ora no sentido de faculdade imaginativa (imaginação e sensação são uma mesma coisa, Teeteto, 152c). Aristóteles a trata essencialmente como faculdade em De anima (III, 3) insistindo no fato de que ela é diferente da sensação (aísthesis / aisthesis) e do pensamento (diánoia / dianoia): ela é “movimento nascido da sensação”. Para Epicuro, a phantasía é sempre verdadeira (Sexto Empírico, Adv. math., VII, 203). Os estoicos empregam a palavra phantasía em dois sentidos. Por um lado, é ela aparência (enganosa) que se opõe ao fenômeno (phainómenon), que é o fato normal (Epicteto, Manual, I, 5). Nisso, a infelicidade é pura aparência, pois é um juízo de valor que fazemos sobre o fato real. Por outro lado, phantasía tem o sentido mais amplo de representação; se a fonte das paixões (páthe / pathe) não está em mim, o que está em mim, graças à razão, é o uso (khrêsis / khresis) das representações (Epicteto, Leituras, III, XXIV, 69; III, 1; II, 42). Nossa razão só deve dar assentimento a uma representação compreensiva (phantasía kataleptiké), ou seja, clara e evidente (íbíd., III,VIII, 3; D.L., VII, 54). Por outro lado, os céticos (Pírron,Tímon, Enesidemo) declaram que não há diferença entre representação e fenômeno, pois tomamos constantemente uma pelo outro (D.L., IX, 107). Plotino define a phantasía como “o choque recebido pela parte irracional da alma por um objeto exterior” (I.VIII, 15). [Gobry]