É a dúvida radical da possibilidade de um conhecimento verdadeiro. Enquanto o ceticismo universal estende a dúvida a tudo, o ceticismo ético, religioso, ou de qualquer outra espécie circunscreve-a a determinada esfera. O ceticismo consiste ou numa atitude de dúvida perante todo conhecimento ou numa doutrina mais ou menos cientificamente fundamentada sobre a dubitabilidade de todo conhecimento humano. Importa distinguir de ambos o ceticismo como método, que tem por fim precisamente a certeza, e que escolhe para ponto de partida da epistemologia (teoria do conhecimento) a mencionada dúvida universal relativamente a todo conhecimento. A dúvida metódica sobre a legitimidade de nossos conhecimentos, sem que realmente duvide deles, nada tem que ver, em sua geral aplicação, com o ceticismo. Aduzem-se como razões em favor do ceticismo: as contradições pretensa-mente insolúveis do conhecimento humano (assim a Sofistica), a relatividade do conhecimento sensorial e a falta de um critério suficiente de verdade (critério de verdade) (Sexto Empírico). Ensinava Pirro que devíamos abster-nos de assentir a qualquer juízo (= epoche), por serem sempre de igual peso as razões pró e contra (pirronismo). Mais tarde, surgem como representantes do ceticismo Montaigne e Charron. — A melhor refutação do ceticismo universal consiste em mostrar que possuímos, de fato, conhecimentos certos e bem fundados, p. ex., sobre os fatos conscienciais e nos primeiros princípios (princípios do conhecimento). O ceticismo, como atitude, não se verifica na realidade, porque toda ação inclui um juízo acerca de sua factibilidade. Se este juízo for também emitido com probabilidade, o agente deve, ao menos, estar certo desta. Tão logo o ceticismo é apresentado como doutrina, imediatamente se emaranha em contradições: afirma que nada é certo e, ao mesmo tempo, que alguma coisa é certa. Sobre o ceticismo como método (VIDE teoria do conhecimento). — Santeler. [Brugger]
Para os cépticos, por força da atualização exclusiva do sujeito, o objeto perdia significação. Prevaleciam para eles os fatores subjetivos, pois o objeto escapa-se, quebrando-se assim a relação funcional de sujeito e objeto.
Quanto ao conhecimento em geral o ceticismo é:
– lógico (radical ou absoluto), pois nega a possibilidade de conhecimento em geral, como do conhecimento em particular (determinado) ;
– metafísico — quando nega esse conhecimento apenas no terreno da metafísica.
Quanto ao conhecimento dos valores é:
a) ético — quando nega o conhecimento dos valores éticos;
b) religioso — quando nega o conhecimento dos valores religiosos.
Quanto ao emprego da própria crítica pode ser:
a) metódico — quando a usa apenas como método. Duvida para alcançar, afinal, uma verdade, como procedeu Descartes;
b) sistemático — quando toma uma posição cética absoluta;
a) parcial ou mitigado quando se estende a alguma ordem das verdades, como o meramente axiológico, para exemplificar;
b) universal, como o de Pirro. [MFS]