O augustinismo ou agostianismo é uma escola filosófico-teológica, de tendência conservadora, filiada em S. Agostinho (354-430), preponderante principalmente no século XIII. Contou ilustres representantes, não só entre os Franciscanos e o clero secular, como também entre os mais antigos Dominicanos. Ameaçada em sua supremacia por S. Alberto Magno e S. Tomás de Aquino, após a condenação inicial de proposições tomistas em Paris e Oxford, foi relegada para segundo lugar. As doutrinas características de S. Agostinho e do agostinianismo são as seguintes: há Verdades certas que o homem pode alcançar. A auto-certeza da consciência humana é o fundamento imediato e seguro do conhecimento humano, fundamento que S. Agostinho logrou conquistar na luta travada com o ceticismo por ele anteriormente professado. Mas o fundamento último da certeza é Deus. Existe um certo contacto com as regras, verdades e normas eternas, pelas quais se afere o saber do homem (iluminação). Uma moderna interpretação vê aqui não só a influência de Platão e do neoplatonismo, como também a posição do cristão crente, que filosofa tomando como ponto de partida a sua fé. Deus é Criador e Causa Primeira do mundo: de seu ser, de seus valores e graus ontológicos; é Verdade primeira, Beleza primeira, causa única da humana bem-aventurança. Deus, ao criar o mundo material, depositou nele as formas seminais de todas as coisas (rationes seminales, logoi spermatikoi dos Estóicos), como princípios da evolução específica de cada unia. S. Agostinho desconhece a evolução de uma espécie para outra. O mal, tanto moral quanto físico, não é um princípio originário, distinto de Deus, nem uma essência real, como S. Agostinho anteriormente acreditara com o maniqueísmo, mas sim unicamente a carência da bondade ou perfeição por essência devidas. A causa única do pecado é a livre vontade, a qual, em vez de se voltar para o Bem imperecedouro, se volta para as coisas caducas. A alma humana é uma substância imaterial, simples, racional, imortal e princípio essencial determinante do corpo. A parte superior da alma, com a memória, o entendimento e a vontade, é uma imagem de Deus uno e trino. Contudo a alma imortal não é a única forma do corpo, no sentido defendido por S. Tomás. Corpo e alma encontram-se frente a frente, autônomos. O agostianismo, não ensina apenas que também a alma e o corpo se compõem de uma certa matéria e forma, mas defende outrossim a pluralidade de formas, pelo menos no que diz respeito ao ser do corpo, que não deriva do princípio vital ou da alma informante. O princípio de individuação da alma humana não é a matéria (matéria signata de S. Tomás), mas é essencialmente constituído pelo ser próprio da pessoa espiritual. O conhecimento intelectual provém da excitação doa sentidos, mas, em rigor de expressão, não é extraído destes pela força espontânea do intelecto agente, como S. Tomás ensina. Tanto o conteúdo do conhecimento quanto o fundamento de sua certeza, principalmente tratando-se dos princípios, podem derivar apenas do próprio espírito. Pelo que, existe também o conhecimento direto e intuitivo das coisas singulares. O homem, servindo-se de seu livre arbítrio, deve conquistar o supremo Bem, isto é, a posse da eterna verdade na bem-aventuram, a ultramundana, por meio da contemplação e amor de Deus trino e uno. A regra e a norma da humana liberdade é a eterna lei de Deus, súmula das normas morais, cuja verdade e inviolável validade se revela evidente à razão humana. — Schuster. [Brugger]