abismo

VIDE vórtex

Do latim abyssus, fosso cuja profundidade é insondável (o abismo do inferno). Para os antigos o Tohou va bohou simbolizando a matriz da natureza universal efetuante, contendo virtualmente todas as possibilidades existenciais e limitadas. O abismo separa o Numen dos fenômenos.

No Salmo 104 o abismo é comparado a uma vestimenta que envelopa a terra, enquanto Deus é envolto de luz como por um manto. A raiz etimológica de Deus, div- em sânscrito, significando precisamente “luz”, podemos dizer que o abismo é o último “lugar” antes de afrontar o divino. Assim o abismo ilustra ao mesmo tempo a indeterminação e a integração suprema da união mística, por iluminação. [NP]


Do latim abyssus, por sua vez do grego a e byssos ou bythos, que significa fundo do mar. É empregado para indicar profundidade que se perde de vista, que é incomensurável.

Na Filosofia, abismo é empregado muitas vezes no sentido da profundidade, que se realiza através das ações diacríticas do espírito humano. Vide crise. [MFSDIC]


Falamos de abismo quando o fundo desaparece, quando nos ressentimos de um chão, quando buscamos um fundamento, na suposição de que há um fundo a ser alcançado. [HeideggerCaminho da Linguagem]


Hervé Masson

O abismo é antes de tudo uma imagem do Inferno, o Sheol. Na Índia, as regiões infernais do Patala que se encontram ao pé do Monte Meru se subdividem em sete círculos, dos quais seis “abismos”: Atala: o horrível abismo; Vitala: o terrível abismo; Soutala: o enorme abismo; Talatala: o abismo dos abismos; Mahatala: o grande abismo; Rasatala: o infecto abismo. Quanto ao Patala, ele é o abismo propriamente dito, o princípio abissal. Nestas regiões infernais habitam respectivamente as serpentes, os titãs, as grandes serpentes (as nagas), os espíritos da ilusão (Maya), um “formidável gigante” (mahabali), o “gênio do ouro” (Katakishvar) e enfim, no seio da região a mais profunda do Patala, o rei dos Nagas ele mesmo.

Notemos que existe inumeráveis outros abismos infernais.

Todavia o abismo pode também significar a Divindade primordial e indiferenciada, como no caso de Bythos, o abismo preexistente dos gnósticos valentinos.

Leo Schaya