Segundo o tradicionalismo rigoroso (De Bonald) a razão individual é incapaz por si mesma de conhecer qualquer verdade. Para isso necessita da revelação divina, a qual lhe é transmitida pela tradição do gênero humano. Em especial o homem só pela linguagem, que lhe foi doada por Deus, pode chegar ao pensamento conceptual. Bautain, Bonnety, Ventura e outros limitavam o tradicionalismo às verdades religiosas e morais. Por último, De Lammennais apelava, não para a autoridade divina, mas para a razão universal humana. — O tradicionalismo baseia se na falsa pressuposição da impossibilidade de uma metafísica constituída pela razão humana. Só pode fundamentar sua validade incorrendo num círculo vicioso. — Santeler. (Brugger)
(in. Traditionalism; fr. Traditionalisme; al. Traditionalismus; it. Tradizionalismó).
1. Defesa explícita da tradição, cujos principais protagonistas pertencem ao Romantismo francês: Madame de Staël (1766-1817), que, em De l’Allemagne (1813), vê a história humana como progressiva revelação religiosa; René de Chateaubriand (1769-1848), que, em Génie du christianisme (1802), vê o catolicismo como depositário da tradição das humanidades; e em Louis de Bonald (1754-1840), Joseph de Maistre (1753-1821) e Robert Lamennais (1782-1854), que se transformaram em paladinos das duas principais instituições personificadoras da T., verberadas pelo Iluminismo e hostilizadas pela Revolução: a Igreja e o Estado. Por isso, esses escritores também foram chamados de teocráticos ou ultramontanistas (v. teocracia).
2. Em sentido mais geral e filosófico, pode-se entender por T. o retorno à tradição que marcou o Romantismo da primeira metade do séc. XIX, entre cujos defensores estariam seus principais protagonistas (Fichte, Schelling, Hegel, Maine de Biran [1766-1824], Antônio Rosmini Serbati [1797-1855], Vincenzo Gioberti [1801-52] e o próprio Giuseppe Mazzini [1805-72]) e outros escritores menores em vários países (p. ex., o inglês J. Martineau [1805-1900]). A ideia comum de todos esses pensadores é que tanto o pensamento individual quanto a tradição da humanidade baseiam-se numa revelação direta de Deus, que o homem tem o dever de desenvolver com a reflexão individual e com a ação coletiva. A ideia do ser, de Rosmini, é a melhor expressão conceituai dessa noção de revelação progressiva. Aplicado à história, este conceito é o mesmo que providencialismo. (Abbagnano)
Tradição — Tradicionalismo ou Perenialismo
VIDE: PERENIALISTAS
O termo “tradição”, cuja etimologia latina remete ao verbo tradere (remeter, transmitir), denota de maneira geral um conjunto mais ou menos organizado de informações concernindo uma doutrina sobretudo religiosa ou ética, uma atitude fundamental de vida ou uma prática relativa à fé religiosa e aos costumes, conjunto este que foi transmitido através de gerações primeiramente por meio da palavra, do costume e do exemplo, e é compreendido pelos portadores atuais da tradição como constituindo uma herança do passado histórico ou mítico. (excertos de “Les Notions philosophiques”, PUF, 1990)
Além dos escritos fundamentais de René Guénon e Frithjof Schuon, para se compreender o sentido do que estes autores denominaram “Tradição” recomenda-se a leitura de alguns de seus continuadores contemporâneos, como Rama Coomaraswamy, James Cutsinger, Seyyed Hossein Nasr, Mateus Soares de Azevedo, e outros. Mas destacamos em especial:
*O QUE DEVE SER ENTENDIDO POR TRADIÇÃO?
*AS ETAPAS DA AÇÃO ANTI-TRADICIONAL
*TRADIÇÃO, SEGUNDO NICOLAS BOON
Na carta aberta de Cutsinger, cuja resenha consta de um excelente blog português sobre a Tradição, alguns pontos fundamentais do Perenialismo espiritual são enfatizados: CARTA ABERTA SOBRE A TRADIÇÃO
Pierre Gordon: A REVELAÇÃO PRIMITIVA
Em outros termos, nas profundezas de nosso tempo e de nosso espaço, se esconde um mundo subterrâneo, um mundo de luz, presentemente invisível e inapreensível, mas destinado a reaparecer um dia: tal é a substância da tradição primordial, tal qual ela se constituiu na mente do primeiro homem desde o instante da queda, quer dizer desde o primeiro segundo da duração humana, desde o primeiro aprisionamento nos cadafalsos da extensão. E ta; é o fundo de todas as tradições humanas. Sob os nomes de Terra Pura, de Montanha de Jade, Monte Meru, de Albordj, de Ilha Santa, de Coração do Mundo, de Polo, de quintessência, de ouro puro, de Agarttha, de Pedra Filosofal, etc…etc…, se encontra por toda parte o que a cristandade denomina segundo as parábolas evangélicas, o Tesouro Perdido, a joia extraviada, o Reino encoberto, que os homens devem fazer surgir das trevas. Esta noção, verdadeiramente primitiva, dá a chave do homem, da história, da religião, da magia, da arte, da ciência, de toda a grandeza e de toda a miséria humanas.
Tradição — Tradicionalismo ou Perenialismo
VIDE: PERENIALISTAS
O termo “tradição”, cuja etimologia latina remete ao verbo tradere (remeter, transmitir), denota de maneira geral um conjunto mais ou menos organizado de informações concernindo uma doutrina sobretudo religiosa ou ética, uma atitude fundamental de vida ou uma prática relativa à fé religiosa e aos costumes, conjunto este que foi transmitido através de gerações primeiramente por meio da palavra, do costume e do exemplo, e é compreendido pelos portadores atuais da tradição como constituindo uma herança do passado histórico ou mítico. (excertos de “Les Notions philosophiques”, PUF, 1990)
Além dos escritos fundamentais de René Guénon e Frithjof Schuon, para se compreender o sentido do que estes autores denominaram “Tradição” recomenda-se a leitura de alguns de seus continuadores contemporâneos, como Rama Coomaraswamy, James Cutsinger, Seyyed Hossein Nasr, Mateus Soares de Azevedo, e outros. Mas destacamos em especial:
Na carta aberta de Cutsinger, alguns pontos fundamentais do Perenialismo espiritual são enfatizados: CARTA ABERTA SOBRE A TRADIÇÃO
Pierre Gordon: A REVELAÇÃO PRIMITIVA
Em outros termos, nas profundezas de nosso tempo e de nosso espaço, se esconde um mundo subterrâneo, um mundo de luz, presentemente invisível e inapreensível, mas destinado a reaparecer um dia: tal é a substância da tradição primordial, tal qual ela se constituiu na mente do primeiro homem desde o instante da queda, quer dizer desde o primeiro segundo da duração humana, desde o primeiro aprisionamento nos cadafalsos da extensão. E ta; é o fundo de todas as tradições humanas. Sob os nomes de Terra Pura, de Montanha de Jade, Monte Meru, de Albordj, de Ilha Santa, de Coração do Mundo, de Polo, de quintessência, de ouro puro, de Agarttha, de Pedra Filosofal, etc…etc…, se encontra por toda parte o que a cristandade denomina segundo as parábolas evangélicas, o Tesouro Perdido, a joia extraviada, o Reino encoberto, que os homens devem fazer surgir das trevas. Esta noção, verdadeiramente primitiva, dá a chave do homem, da história, da religião, da magia, da arte, da ciência, de toda a grandeza e de toda a miséria humanas.