A opinião cotidiana vê na sombra somente a falta de luz, quando não a sua negação. Porém, a verdade é que a sombra é o testemunho manifesto, embora impenetrável, da luminosidade oculta. Segundo este conceito de sombra, entendemos o incalculável como aquilo que, a pesar de estar fora do alcance da representação, se manifesta no ente e assinala o ser oculto. (DZW)
SOMBRA
Para alcanzar el objetivo ( del combate espiritual ), es preciso primero orientarse: discernir la sombra y dónde está la sombra. Ésta la configuran los tres antagonistas ( la naturaleza, el alma inferior y el demonio ) que se acaban de nombrar. El combate espiritual llevará a reconocer a los enemigos y sus nombres, a distinguir sus formas de aparición, a operar su transmutación. De hecho, se trata de operaciones sincrónicas más que sucesivas; su progreso y sus resultados son correlativos: separación de la sombra y caída de la sombra, manifestación de las luces y del guía de luz. Esto mismo acabará de prevenirnos contra todo empleo abusivo de la idea y el término «sombra»: así como el guía de luz no es sombra, tampoco es un aspecto «positivo» de la sombra. Es la figura cuyo reconocimiento nos impone de ahí en adelante otra dimensión de la persona, no una negatividad sino una transcendencia. Siendo el libro de Najm Kobrâ un diarium spirituale, no carente de analogías con el de Rûzbehân, más que un trabajo didáctico, convendrá perfilar algunos temas fundamentales: las líneas son convergentes. Los tres adversarios no se dejan reducir más que a costa de un esfuerzo que se enfrenta con la trilogía discordante del alma. La energía motriz que alimenta este esfuerzo es la luz misma, es decir, la partícula de luz, el «hombre de luz», que opera la conversión de lo semejante en lo semejante. (Corbin Homem Luz)
Para fazer ressurgir o vivo, é necessário que o morto morra. O simbolismo da morte, em geral, pode ser reconduzido ao simbolismo, já explicado, do «sono»; e considerando que este tem como significado o estado de consciência comum que se baseia no corpo, pareceria firmar-se a ideia — mais soteriológico-religiosa do que iniciática — de que o corpo é o mal, queda ou negação do espírito.
Verdadeiramente, indicações nesse sentido não faltam. Mesmo no Corpus Hermeticum — para começarmos— o corpo é considerado como carga e prisão. Por isso, toda a alma se encontra carregada e agrilhoada: «por debaixo deste invólucro, ela luta e pensa— mas não são os pensamentos que ela teria se fosse desligada do corpo»; em vez de «energias», só conhece sensações e paixões que advêm dela através do corpo. Por isso, como condição prévia à consecução da iluminação, da gnose, recomenda-se o ódio ao corpo, e diz-se: «Antes de tudo deves despir essa veste que trazes, essa veste de ignorância, princípio de todo o mal, cadeia de corrupção, envoltório tenebroso, morte viva, cadáver sensível, tumba que arrastas contigo, ladrão na tua própria casa, que através daquilo que ama te odeia, que através daquilo que odeia te prejudica. Aqui, em todo o caso, os símbolos de «veste», «tumba», «morte», «obscuridade» («sombra») são dados abertamente no mesmo sentido que tem de se lhes atribuir quando aparecem nos enigmas da literatura técnica alquímica. Eis algumas correspondências acerca da «sombra»: «Os corpos (no sentido dos sujeitos, sobre os quais a obra se exercerá) têm todos uma sombra e uma substância negra que se tem de extrair». Agathodaimon, a propósito do simbólico Cobre — o «metal» vermelho-amarelo mais facilmente transmutável em Ouro — , diz: «A alma é a parte mais subtil, ou seja, o espírito tintorial (que, tal como uma tinta difunde por todas as partes a própria «cor»); o Corpo é a coisa pesada e terrestre dotada de sombra. Zózimo, por isso, aconselha a trabalhar até que o Cobre não tenha sombra: «Suprimam a sombra do Cobre», repetem os árabes. «O Cobre passou a ser branco (passou à consciência de ~9791~ ) e foi libertado da sombra… Despojado da sua negra cor, abandonou o seu corpo opaco e pesado». — Comario, falando de um «espírito tenebroso» que oprime os corpos, repete quase textualmente o que vem no Corpus Hermeticum. Diz, então: «Corpo (no sentido primordial), Espírito e Alma debilitam-se por causa da sombra caída sobre eles». Pelasgio testemunha que só quando o Cobre abandona a sua sombra pode «tingir» toda a classe de corpos, o que, como veremos, coincide quase exactamente com a finalidade da Arte. Ainda mais explicitamente o Cosmopolita diz que se trata de arredar as trevas e chegar a ver a Luz da Natureza, que escapa aos nossos olhos, já que para os nossos olhos o corpo é a sombra da natureza.
Se todas estas indicações não estivessem condicionadas por nenhum significado ulterior, teriam um carácter suspeito sob o ponto de vista iniciático. Sendo o corpo, no sentido lato, a expressão e, ao mesmo tempo, base da individuação, trata-se de superar uma concepção evasiva e místico–panteísta pertencente mais ao âmbito das religiões que ao das iniciações. Apesar disso, na doutrina hermética encontra-se também uma série de expressões de espírito muito diferente. ( Julius Evola )