sofisma

(in. Sophism; fr. Sophisme; al. Sophisma; it. Sofismá). 1. O mesmo que falácia.

2. Raciocínio caviloso ou que leva a conclusões paradoxais ou desagradáveis. Neste sentido, esse termo tem uso muito vasto, e até os paradoxos e os argumentos duplos podem ser chamados de sofisma [Abbagnano]


É um argumento aparentemente válido, mas cuja conclusão é falsa. Para alguns são argumentos que partindo de premissas verdadeiras, ou por tal julgadas, terminam por alcançar conclusões que são inadmissíveis, e que não podem enganar, muito embora estejam fundadas nas regras formais do raciocínio. Vide falácia, sofista. [MFSDIC]


Um raciocínio falho de consequência lógica é um raciocínio vicioso (paralogismo). Os raciocínios viciosos aparentemente concludentes denominam-se sofismas. — Como o silogismo categórico se baseia na comparação dos conceitos extremos com o mesmo termo médio, resulta que só pode conter três conceitos. Se, por equívoco, contém quatro conceitos (= quaternio terminorum), não há consequência. — A petição de princípio (petitio principii, pressuposição daquilo que deve ser demonstrado) consiste em pressupor como ponto de partida ou meio de demonstração aquilo que se pretende demonstrar.

— No círculo vicioso (circulus vitiosus, dialelo) prova-se uma coisa por meio de outra e esta por meio da primeira.

— Temos ignoratio elenchi (desconhecimento da questão), quando numa controvérsia não se acerta o ponto exato da questão e se demonstra uma proposição que nem é idêntica à que se tem de demonstrar, nem considera esta como consequência necessária daquela. — Brugger.


Sofisma ou falácia chama-se a uma refutação aparente, refutação sofística, e também a um silogismo aparente, ou silogismo sofístico, mediante os quais se quer defender algo falso e confundir o adversário.

Aristóteles foi o primeiro a apresentar uma lista de sofismas no seu escrito Sobre as refutações sofística. Indica que há duas espécies de argumentos: Uns verdadeiros e outros que não o são, embora o pareçam. Estes são os sofismas ou refutações sofística.. Estas por sua vez dividem-se em duas espécies: as refutações sofísticas que dependem da linguagem usada e as refutações sofísticas que não dependem da linguagem usada. As primeiras podem chamar-se também linguísticas; as segundas, ultra-linguísticas. Os sofismas linguísticos têm as seguintes causas: A homonomia ou equivocação equivale à ambiguidade de um termo. Por exemplo: “os males são bens, pois as coisas que devem ser são bens e os males devem ser”, onde há ambiguidade no uso de dever ser. A falsa conjunção, chamada também composição, é a reunião errônea de termos, a qual depende às vezes dos sinais de pontuação. Exemplo: “o homem pode andar quando está sentado” em vez de “o homem pode andar, quando está sentado”. A falsa disjunção, chamada também divisão ou separação é a separação errônea de termos. Exemplo: “cinco é dois e é três” em vez de “cinco é dois e três”. A falsa acentuação é a errônea acentuação de termos. Exemplo: “andamos depressa” em vez de “andamos depressa” ou vice- versa. A falsa forma de expressão (ou figura de dicção) é a expressão de algo diferente pela mesma forma. Exemplo: “cortante” usado como substantivo por analogia com “amante”, que pode ser usado como substantivo.

Os sofismas extra-linguísticos são: a falsa equação, chamada também sofisma do acidente, é a adscrição do atributo de uma coisa a cada um dos acidentes desta coisa. Exemplo: “se Corisco é outra coisa e não um homem, é outra coisa que não ele mesmo, pois é um homem”. A confusão do relativo com o absoluto é o emprego de uma expressão em sentido absoluto a partir de um sentido relativo. Exemplo: “se o não ser é objeto de opinião, o não ser é”. A ignorância do argumento produz-se quando não se define o que «é a prova ou a refutação e se deixa escapar algo na sua definição. Exemplo: “a mesma coisa é simultaneamente dupla e não dupla, porque dois é o dobro de um e não é o dobro de três”. A ignorância do consequente é a conversão falsa do consequente. Exemplo: “dado que se supõe se a é, b necessariamente é”, afirma- se “se b é, a necessariamente é”. Este sofisma surge com frequência em consequência de inferências errôneas da percepção sensível. A petição de princípio que surge quando se quer provar o que não é evidente por si mesmo mediante ele próprio. Aristóteles considera cinco casos de petição de princípio: 1. A postulação do mesmo que se quer demonstrar; 2. A postulação universalmente do que se deve demonstrar particularmente; 3. A postulação particularmente do que se quer demonstrar universalmente; 4. A postulação de um problema depois de o ter dividido em partes, e 5. A postulação de uma de duas proposições que se implicam mutuamente. A reunião de várias questões numa só equivale a dar uma só resposta ao que exige mais de uma. Exemplo: “são todas as coisas boas ou más?”, pergunta sofística, pois há coisas boas e más. [Ferrater]