sensibilidade

(in. Sensibility, Feeling; fr. Sensibilité; al. Sinnlichkeit; it. Sensibilità).

1. Esfera das operações sensíveis do homem, considerada em seu conjunto, o que inclui tanto o conhecimento sensível quanto os apetites, os instintos e as emoções.

2. Capacidade de receber sensações e de reagir aos estímulos. P. ex., “a sensibilidade dos vegetais”.

3. Capacidade de julgamento ou avaliação em determinado campo. P. ex., “sensibilidade moral”, “sensibilidade artística”, etc.

4. Capacidade de compartilhar as emoções alheias ou de simpatizar. Nesta acepção, diz-se que é sensível quem se comove com os outros, e insensível quem se mantém indiferente às emoções alheias (V. simpatia). [Abbagnano]


A faculdade de experimentar impressões. — O termo é empregado em dois sentidos que é necessário distinguir: 1.° a passividade ou faculdade de experimentar sensações (nesse sentido, a Estética transcendental de Kant — 1.° parte da Crítica da razão pura — é uma teoria da sensibilidade); 2.° a disposição para experimentar sentimentos, emoções. No primeiro caso, a sensibilidade é uma faculdade de perceber (sensação); no segundo, uma forma de afetividade (sentimento). [Larousse]


(1), no domínio do conhecimento, a capacidade de receber sensações, considerada como função dos sentidos, mediante a qual se verifica o contato com o mundo corpóreo e fisicamente perceptível. A sensibilidade apreende o singular e o concreto. Nesta apreensão porta-se de maneira essencialmente receptiva; mas não é puramente passiva, senão que configura o apreendido através do modo de o receber. Segundo a acepção que tem no criticismo (Kant), a sensibilidade (2) é receptividade pura que nos torna possíveis as intuições nas quais se baseia o pensamento. A determinação da afeção da sensibilidade (2) é levada a efeito, com dependência do sujeito, segundo as formas de espaço e de tempo; mas por elas é representado, não o objeto como tal, senão o modo como afeta a sensibilidade (2). Um conceito um tanto mais amplo da sensibilidade (2) abarca também a imaginação (Fantasia), porque só pode reproduzir os objetos como aparecem na sensibilidade (2).

Na esfera apetitiva, sensibilidade (3) designa, em frente à vontade espiritual, a função espontânea das tendências, na medida em que estas precedem a ação consciente e querida, orientadora da pessoa espiritual. Neste sentido, Kant, qualifica a sensibilidade (3) de obstáculo natural ao cumprimento do dever, obstáculo em que esbarra a obrigação que o agente reconhece ter para com a lei moral. S. Tomás de Aquino toma o vocábulo “sensibilidade” numa acepção mais restrita (como sensualitas), para significar a faculdade apetitiva sensitiva (= sensibilidade), que se divide em concupiscível e irascível. O apetite dirige-se ao sensitivamente agradável; o apetite irascível, ao útil para o indivíduo ou para a espécie, ao útil que não aparece imediatamente como agradável aos sentidos e que, para ser obtido, pressupõe que se tenha superado uma resistência. Por esta forma, os movimentos infra-espirituais da contextura afetiva, os sentimentos e as paixões agregam-se à sensibilidade (3), como estados afetivos do sujeito apetecente. As emoções do apetite concupiscível são ódio, amor, desejo, aversão, gozo e tristeza; as do apetite irascível são esperança, desesperação, audácia, temor e ira. Contudo, segundo S. Tomás, a sensibilidade (4), em sentido lato (sensibilitas) inclui não só as faculdades sensitivas externas e internas (Sentidos), mas também a faculdade apetitiva que as acompanha. — Trapp. [Brugger]