TEMPO — SEMANA
Cabala
Adin Steinsaltz (Adin Even Yisrael): A ROSA DE TREZE PÉTALAS
O ciclo da semana é uma espécie de recapitulação dos sete dias da Criação. Cada dia da semana é não somente uma ocasião de marcar o trabalho especial da criação desse dia, mas também uma estrutura dentro da qual se manifesta a qualidade especial de existência correspondente a uma das Sefirot. Pois, como poderia parecer, os sete dias da semana, e a coisa particular criada em cada um dos dias, como nos ensina a Gênese, são emanações das Sefirot superiores no tempo. Assim, há dias da semana que pertencem a certos tipos de ações ou estados mentais, e outros adequados para outras maneiras de ser. A terça-feira, por exemplo, sendo a manifestação da Sefirah de Tiferet (“beleza” ou “harmonia”) é considerada como um dia de sucesso e boa fortuna. Já a segunda-feira, o dia da Sefirah da Gevurah, e a quarta-feira, são considerados como tendo uma severidade às vezes prejudicial.
Roberto Pla: Evangelho de Tomé – Logion 113
O sistema joanico explica cada “páscoa” ou “trânsito”, enquanto movimento que distingue “chamados” de “eleitos”, como se fosse uma semana, e talvez aí se encontre o sentido oculto do termo “semana”, mencionado inclusive na profecia de Daniel (9, 24ss) como as as “setenta semanas” para a liberdade do povo santo. Assim a páscoa se apresenta como uma semana, bloco ou processo de conhecimento completo em si mesmo. Por sua vez, a semana se divide em Dias, e cada um destes Dias é um “trânsito” ascendente de conhecimento. A partir do “primeiro dia” são descritos todos os “dias” como um ((Dia Seguinte” sem nenhuma significação temporal, senão gnoseológica.
Vejamos como exemplo sintetizado desta metodologia joanica o conteúdo e a estrutura da primeira “páscoa” descrita em seu evangelho:
Primeiro dia, primeiro dia da semana gnoseológica, quer dizer, da primeira “páscoa” (Jo 1, 19-28)
E este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu? Ele, pois, confessou e não negou; sim, confessou: Eu não sou o Cristo. Ao que lhe perguntaram: Pois que? És tu Elias? Respondeu ele: Não sou. És tu o profeta? E respondeu: Não. Disseram-lhe, pois: Quem és? para podermos dar resposta aos que nos enviaram; que dizes de ti mesmo? Respondeu ele: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. E os que tinham sido enviados eram dos fariseus. Então lhe perguntaram: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? Respondeu-lhes João: Eu batizo em água; no meio de vós está um a quem vós não conheceis. aquele que vem depois de mim, de quem eu não sou digno de desatar a correia da alparca. Estas coisas aconteceram em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando. (Jo 1:19-28)
João Batista é o protótipo evangélico de “Adão, alma vivente”, quer dizer, o “chamado”, de quem havia de dizer mais tarde Jesus que era “o maior entre os nascidos de mulher”, se descreve a si mesmo como um “eu-sou” que clama na solidão do deserto. Em consequência, João batiza nas águas de purificação (não no fogo do Espírito).
No dia seguinte, segundo dia da semana gnoseológica.
No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. este é aquele de quem eu disse: Depois de mim vem um varão que passou adiante de mim, porque antes de mim ele já existia. Eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, é que vim batizando em água. (Jo 1:29-31)
João descobre o Cordeiro de Deus, o Cristo oculto, cuja consagração interior libera “do pecado” — a deficiência — do mundo, e manifesta a plenitude. Sua alma recebe o primeiro testemuno da “presença” (a pomba), do Eleito de Deus.
No dia seguinte. Terceiro dia da semana gnoseológica.
No dia seguinte João estava outra vez ali, com dois dos seus discípulos e, olhando para Jesus, que passava, disse: Eis o Cordeiro de Deus! Aqueles dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus. Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que buscais? Disseram-lhe eles: rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde pousas? Respondeu-lhes: Vinde, e vereis. Foram, pois, e viram onde pousava; e passaram o dia com ele; era cerca da hora décima. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João falar, e que seguiram a Jesus. Ele achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Havemos achado o Messias (que, traduzido, quer dizer Cristo). E o levou a Jesus. Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro). (Jo 1:35-42)
É possível que de André e do outro discípulo não nomeado que na raiz do testemunho de João sobre o Cordeiro de Deus seguiram Jesus, se tenha servido o evangelista para deixar constante em seu escrito dos primeiros atos de transferência da consciência psíquica do “chamado”, à nova consciência, espiritual, do “eleito”. De qualquer maneira, as perguntas destes primeiros discípulos de Jesus revelam a primeira interrogação sobre o Ser, a pergunta que advém à consciência quando esta desperta se desperta da luz: “Onde habitas?”. Depois descreve a alegria que sobrevém após o descobrimento da “presença”, quer dizer o primeiro encontro da consciência com o Ser: “Encontramos o Messias” (o Cristo).
No dia seguinte. Quarto dia da semana gnoseológica.
No dia seguinte Jesus resolveu partir para a Galileia, e achando a Felipe disse-lhe: Segue-me. Ora, Felipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. Felipe achou a Natanael, e disse-lhe: Acabamos de achar aquele de quem escreveram Moisés na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: Pode haver coisa bem vinda de Nazaré? Disse-lhe Felipe: Vem e vê. Jesus, vendo Natanael aproximar-se dele, disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo! Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes que Felipe te chamasse, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira. Respondeu-lhe Natanael: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és rei de Israel. Ao que lhe disse Jesus: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? coisas maiores do que estas verás. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem. (Jo 1:43-51)
Jesus pede a Felipe que o siga e se revela a Natanael como Cristo oculto eterno. Primeira percepção interior do Filho do Homem, quer dizer, abertura da escada cujos degraus comunicam o céu com a terra. “Vereis o céu aberto — diz Jesus — e aos anjos de Deus subir e baixar sobre o Filho do Homem”.
Três dias depois. No dia sétimo.
Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galileia, e estava ali a mãe de Jesus; e foi também convidado Jesus com seus discípulos para o casamento. (Jo 2:1-2; Bodas de Caná)
Este é o dia sétimo, o Dia do Sábado, se se conta a semana completa; mas o “terceiro dia”, o dia último, se se computa com ordem gnoseológica desde o dia da contemplação do Filho do Homem através do céu recém aberto.
A boda de Caná é o relato alegorizado de uma primeira “união”, de uma teofania transitória e mínima, mas não por isso isenta de importância, da alma com a Glória do Filho (v. Evangelho de Tomé – Logion 28). Jesus explica bem claro, em poucas palavras, o caráter primário desta teofania: “Ainda não chegou minha hora”.
Este sétimo dia (o terceiro), culmina com a subida a Jerusalém. A obra a cumprir ali, nesta primeira visita, é a de Purificação do Templo, para que a casa terrena onde se mora, seja, ainda que transitória, um lar puro para alojar ao Pai.
Este santuário — já o sabemos — era seu corpo, como exemplo do corpo de todo homem; o que será destruído com a morte e logo restaurado de novo, espiritual, para ressurgir no “terceiro dia”.
TEMPO — SEMANA
Cabala
[wiki base=”en”]Adin Steinsaltz[/wiki] (Adin Even Yisrael): A ROSA DE TREZE PÉTALAS
O ciclo da semana é uma espécie de recapitulação dos sete dias da Criação. Cada dia da semana é não somente uma ocasião de marcar o trabalho especial da criação desse dia, mas também uma estrutura dentro da qual se manifesta a qualidade especial de existência correspondente a uma das Sefirot. Pois, como poderia parecer, os sete dias da semana, e a coisa particular criada em cada um dos dias, como nos ensina a Gênese, são emanações das Sefirot superiores no tempo. Assim, há dias da semana que pertencem a certos tipos de ações ou estados mentais, e outros adequados para outras maneiras de ser. A terça-feira, por exemplo, sendo a manifestação da Sefirah de Tiferet (“beleza” ou “harmonia”) é considerada como um dia de sucesso e boa fortuna. Já a segunda-feira, o dia da Sefirah da Gevurah, e a quarta-feira, são considerados como tendo uma severidade às vezes prejudicial.
Roberto Pla: Evangelho de Tomé – Logion 113
O sistema joanico explica cada “páscoa” ou “trânsito”, enquanto movimento que distingue “chamados” de “eleitos”, como se fosse uma semana, e talvez aí se encontre o sentido oculto do termo “semana”, mencionado inclusive na profecia de Daniel (9, 24ss) como as as “setenta semanas” para a liberdade do povo santo. Assim a páscoa se apresenta como uma semana, bloco ou processo de conhecimento completo em si mesmo. Por sua vez, a semana se divide em Dias, e cada um destes Dias é um “trânsito” ascendente de conhecimento. A partir do “primeiro dia” são descritos todos os “dias” como um (Dia Seguinte” sem nenhuma significação temporal, senão gnoseológica.
Vejamos como exemplo sintetizado desta metodologia joanica o conteúdo e a estrutura da primeira “páscoa” descrita em seu evangelho:
Primeiro dia, primeiro dia da semana gnoseológica, quer dizer, da primeira “páscoa” (Jo 1, 19-28)
E este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu? Ele, pois, confessou e não negou; sim, confessou: Eu não sou o Cristo. Ao que lhe perguntaram: Pois que? És tu Elias? Respondeu ele: Não sou. És tu o profeta? E respondeu: Não. Disseram-lhe, pois: Quem és? para podermos dar resposta aos que nos enviaram; que dizes de ti mesmo? Respondeu ele: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. E os que tinham sido enviados eram dos fariseus. Então lhe perguntaram: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? Respondeu-lhes João: Eu batizo em água; no meio de vós está um a quem vós não conheceis. aquele que vem depois de mim, de quem eu não sou digno de desatar a correia da alparca. Estas coisas aconteceram em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando. (Jo 1:19-28)
João Batista é o protótipo evangélico de “Adão, alma vivente”, quer dizer, o “chamado”, de quem havia de dizer mais tarde Jesus que era “o maior entre os nascidos de mulher”, se descreve a si mesmo como um “eu-sou” que clama na solidão do deserto. Em consequência, João batiza nas águas de purificação (não no fogo do Espírito).
No dia seguinte, segundo dia da semana gnoseológica.
No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. este é aquele de quem eu disse: Depois de mim vem um varão que passou adiante de mim, porque antes de mim ele já existia. Eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, é que vim batizando em água. (Jo 1:29-31)
João descobre o Cordeiro de Deus, o Cristo oculto, cuja consagração interior libera “do pecado” — a deficiência — do mundo, e manifesta a plenitude. Sua alma recebe o primeiro testemuno da “presença” (a pomba), do Eleito de Deus.
No dia seguinte. Terceiro dia da semana gnoseológica.
No dia seguinte João estava outra vez ali, com dois dos seus discípulos e, olhando para Jesus, que passava, disse: Eis o Cordeiro de Deus! Aqueles dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus. Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que buscais? Disseram-lhe eles: rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde pousas? Respondeu-lhes: Vinde, e vereis. Foram, pois, e viram onde pousava; e passaram o dia com ele; era cerca da hora décima. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João falar, e que seguiram a Jesus. Ele achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Havemos achado o Messias (que, traduzido, quer dizer Cristo). E o levou a Jesus. Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro). (Jo 1:35-42)
É possível que de André e do outro discípulo não nomeado que na raiz do testemunho de João sobre o Cordeiro de Deus seguiram Jesus, se tenha servido o evangelista para deixar constante em seu escrito dos primeiros atos de transferência da consciência psíquica do “chamado”, à nova consciência, espiritual, do “eleito”. De qualquer maneira, as perguntas destes primeiros discípulos de Jesus revelam a primeira interrogação sobre o Ser, a pergunta que advém à consciência quando esta desperta se desperta da luz: “Onde habitas?”. Depois descreve a alegria que sobrevém após o descobrimento da “presença”, quer dizer o primeiro encontro da consciência com o Ser: “Encontramos o Messias” (o Cristo).
No dia seguinte. Quarto dia da semana gnoseológica.
No dia seguinte Jesus resolveu partir para a Galileia, e achando a Felipe disse-lhe: Segue-me. Ora, Felipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. Felipe achou a Natanael, e disse-lhe: Acabamos de achar aquele de quem escreveram Moisés na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: Pode haver coisa bem vinda de Nazaré? Disse-lhe Felipe: Vem e vê. Jesus, vendo Natanael aproximar-se dele, disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo! Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes que Felipe te chamasse, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira. Respondeu-lhe Natanael: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és rei de Israel. Ao que lhe disse Jesus: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? coisas maiores do que estas verás. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem. (Jo 1:43-51)
Jesus pede a Felipe que o siga e se revela a Natanael como Cristo oculto eterno. Primeira percepção interior do Filho do Homem, quer dizer, abertura da escada cujos degraus comunicam o céu com a terra. “Vereis o céu aberto — diz Jesus — e aos anjos de Deus subir e baixar sobre o Filho do Homem”.
Três dias depois. No dia sétimo.
Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galileia, e estava ali a mãe de Jesus; e foi também convidado Jesus com seus discípulos para o casamento. (Jo 2:1-2; Bodas de Caná)
Este é o dia sétimo, o Dia do Sábado, se se conta a semana completa; mas o “terceiro dia”, o dia último, se se computa com ordem gnoseológica desde o dia da contemplação do Filho do Homem através do céu recém aberto.
A boda de Caná é o relato alegorizado de uma primeira “união”, de uma teofania transitória e mínima, mas não por isso isenta de importância, da alma com a Glória do Filho (v. Evangelho de Tomé – Logion 28). Jesus explica bem claro, em poucas palavras, o caráter primário desta teofania: “Ainda não chegou minha hora”.
Este sétimo dia (o terceiro), culmina com a subida a Jerusalém. A obra a cumprir ali, nesta primeira visita, é a de Purificação do Templo, para que a casa terrena onde se mora, seja, ainda que transitória, um lar puro para alojar ao Pai.
Este santuário — já o sabemos — era seu corpo, como exemplo do corpo de todo homem; o que será destruído com a morte e logo restaurado de novo, espiritual, para ressurgir no “terceiro dia”.