probabilismo

doutrina intermediária entre o dogmatismo e o ceticismo que foi defendida na Antiguidade por Arcesilau e Carnéades. — Nega a possibilidade de conhecer-se a verdade absoluta mas distingue verdades mais ou menos prováveis. (V. ceticismo.) [Larousse]


O probabilismo é um sistema de moral, que responde à questão do modo como a consciência se deve decidir no caso de uma lei duvidosa, para chegar a obter a certeza exigida acerca da liceidade de uma ação. Segundo o tuciorismo (rigorismo), só se pode escolher a opinião favorável à liberdade, quando ela é segura ou sumamente provável; segundo o probabilismo, quando ela é mais provável que a sentença favorável à lei; segundo o equiprobabilismo, quando ela é igualmente ou quase igualmente provável. Se a opinião favorável à liberdade é verdadeiramente provável, isto é, se, em geral, razões sólidas e sérias militam em favor da não-existência de uma lei, não há obrigação; porque uma lei verdadeiramente duvidosa não está suficientemente promulgada, nem, por conseguinte, segundo a vontade racional do legislador, pode obrigar. Não obstante, a dúvida deve referir-se diretamente à lei (dubium legis), não a um mero fato (dubium facti); além disso, não é lícito andar regateando sobre um meio duvidoso para a obtenção de um fim necessário. O probabilismo mantém fundamentalmente o justo meio entre o rigorismo e o laxismo e é o único sistema de moral que faz justiça às exigências, racionais da vida. — Schuster. [Brugger]


a) Doutrina casuística que, em questões de moral, permite seguir uma opinião desde que seja provável, embora haja outras mais prováveis que ela.

b) Na lógica e na gnosiologia, doutrina segundo a qual não é provável que possa o homem alcançar a verdade, mas somente a capacidade de distinguir ou proposições mais ou menos prováveis que outras, ou conhecimentos mais ou menos provavelmente certos que outros; probatio per absurdum – (loc. lat.) = prova pelo absurdo. [MFSDIC]


(in. Probabilism; fr. Probabilisme; al. Probabilismus; it. Probabilismo).

1. Ceticismo da Nova Academia que, mesmo negando a existência de um critério de verdade, considerava critério suficiente para dirigir a conduta da vida aquilo que Arcesilau chamava de plausível (Sexto Empiricus, Adv. math., VII, 158) e Carnéades, Do provável (Ibid., VII, 166; Pirr. hyp., I, 33, 226).

2. Doutrina à qual frequentemente recorria a casuística dos jesuítas do séc. XVII, segundo o qual, para não pecar, nos casos de regra da moral duvidosa, basta ater-se a uma opinião provável, considerando-se provável a opinião defendida por algum teólogo. Leibniz observava a respeito: “O defeito dos moralistas laxistas foi, em grande parte, terem uma noção demasiadamente limitada e insuficiente do provável, que eles identificaram com o opinável de Aristóteles”, enquanto o provável é, segundo Leibniz, um conceito muito mais amplo (Nouv. ess., IV, 2, 14). O probabilismo teve, especialmente no séc. XVII, inúmeras variantes, entre as quais podemos lembrar: o probabiliorismo, segundo o qual, nos casos de aplicação duvidosa de uma regra moral, não se deve adotar uma opinião provável qualquer, mas a mais provável, e o tutiorismo, segundo o qual é preciso seguir a opinião que se conforma com a lei. Trata-se de doutrinas ou disputas que não têm significado fora da casuística jesuíta do séc. XVII (cf. A. Schmitt, Zur Geschichte des Probabilismus, 1904).

3. Corrente da ciência contemporânea, que atribui caráter de probabilidade a grande número de conhecimentos ou a todos eles (v. causalidade; condição; determinismo). [Abbagnano]