πρᾶξις: ação, atividade, situação humana
Segundo Aristóteles, quando as ações se seguem a uma escolha deliberada (proairesis) podem considerar-se morais ou imorais (Ethica Nichomacos I, 13b), e daí caírem dentro do campo das ciências «práticas» (episteme praktikai), i. e., ética e política, que têm como objeto o bem que é visado pela ação, ibid. 1094a-b; ver ergon. [FEPeters]
prâxis (he): ação. Latim: actio.
Atividade imanente de um sujeito (oposta à ação transitiva, que se exerce sobre um objeto), v. poíesis / poiesis.
Prâxis é uma palavra formada de prag-sis: o radical que indica ação é prag. É encontrado em: prâgma (tó) / pragma (to): ocupação, afazer; praktikós / praktikos: ativo. Ao intelecto especulativo (noûs noetikós ou dianoetikós) Aristóteles opõe o intelecto ativo (noûs praktikós) (De an., III, 7); v. noûs / noûs. Práttein / prattein: agir (apenas no dialeto ático; nos outros: prássein). Substantivado: tò práttein / to prattein: o agir.
Prâxis pode significar:
-Toda atividade do homem: “Falar é uma ação” (Crátilo, 387c).”Nenhuma das ações (tòn praxeón) que têm termo é um fim” Aristóteles (Met., 0, 6). “O princípio da ação é a livre escolha” Aristóteles (Ét. Mc, VI, 4).
-Ação oposta à fala (Górgias, 450d).
-Ação moral. “No que se refere às ações, a opinião verdadeira não é pior nem menos útil que a ciência” (Mênon, 98c).
-Ação oposta à especulação. Aristóteles distingue a reflexão (diánoia / dianoia) teórica da ação prática (Et. Mc, VI, 3).
-Ação oposta à atividade fabricadora (poíesis); é assim que a moral se distingue da arte (tékhne / techne). Em Política (I, IV, 1-4), Aristóteles distingue o instrumento, que serve para produção (poietikón / poietikon), e a propriedade, fonte da ação (praktikón / praktikon).
– Metafisicamente, o agir (práttein) oposto ao sofrer (páschein / paschein); v. páthos / pathos (Aristóteles, Cat., IX). [Gobry]
A situação específica do humano (πρᾶξις) é o horizonte de tematização para determinação da excelência ou perversão da lucidez humana (ψυχή [psyche]). Nesse horizonte, identificamos uma estrutura patológica sofrimento–prazer (λύπη-ἡδονή [lype–hedone]) que provoca as movimentações originárias: fuga-perseguição (φυγή-δίωξις [phyge-dioxis]). Mas para além desta estrutura afetiva há uma dimensão outra da situação humana (πρᾶξις) onde a excelência (ἀρετή [arete]) pode eclodir. Subsiste, no entanto, a problematicidade no acesso ao seu sentido. [CaeiroArete:46]