Pico della Mirandola

PICO DELLA MIRÁNDOLA (Giovanni), pensador italiano (Mirándola 1463 — Florença 1494). Após estudos em Bolonha (1476) e mais tarde nas principais universidades da Itália e da França, adquire a lendária reputação de uma memória prodigiosa. Em Roma, publica em 1486 as novecentas teses, ou Conclusiones philosophicae, cabalisticae et theologicae, que Mirándola queria sustentar publicamente. Sua intenção principal, fortificada por um profundo conhecimento de todas as civilizações, é mostrar a verdade do cristianismo, considerado como
ponto de convergência de todas as formas anteriores do pensamento. Essa ousada tese é condenada pela cúria romana. Mirándola é perseguido, então, por heresia (1487) e aprisionado durante três semanas (1488) no torreão de Vincennes. Morre envenenado por seu secretário. Pico Della Mirándola encarna o nascimento do humanismo que, sem renunciar à , faz do espírito humano a fonte de toda a ciência. [Larousse]


A figura significativa dessa época porque propriamente é quem sente essa valoração do homem, antes de qualquer outro, é Pico della Mirandola (1463-1494), uma estranha figura de grande talento, que viveu apenas 31 anos, uma vida tempestuosa e cheia de relâmpagos geniais, mas que sofre de um silêncio quase criminoso da maioria dos autores de filosofia. Para Pico della Mirandola, a criatura humana é divina, porque participa da divindade, e é natureza, porque participa da natureza. Ama a natureza e é amada por Deus. Enquanto todos os outros seres são determinados, vivem e desenvolvem-se dentro de suas rígidas leis naturais, o homem goza da liberdade, que lhe permite criar, evoluir, transformar-se, avançar até os pontos mais elevados e cair, também, aos degraus mais vis. Essa criatura é digna de respeito e de adoração, dizia ele. O que, na sua exaltação juvenil, viveu Pico della Mirandola, que procurou unir todas as crenças, encontrar a verdade que havia em cada uma, que disputavam mais palavras do que doutrinas, é bem o sentido do Humanismo, que vai prevalecer no Renascimento, e que, hoje, retorna a ter, mais uma vez, uma posição de relevo, apesar de todas as doutrinas, crenças e teorias sociais que desejam reduzir o homem a um ser apenas utilizável, a um mero instrumento de trabalho. [MFS]