personalismo

(in. Personalism; fr. Personnalisme; al. Personalismus; it. Personalismo).

Este termo foi e é usado para designar três doutrinas diferentes, mas interligadas.

1) A primeira é doutrina teológica, que afirma a personalidade de Deus como causa criadora do mundo, em oposição ao panteísmo, que identifica Deus com o mundo. Foi nesse sentido originário que o termo foi empregado primeiro por Schleiermacher (Reden, 1799), e depois por Goethe, Feuerbach, Teichmüller, etc.

2) A segunda é uma doutrina metafísica, segundo a qual o mundo é constituído por uma totalidade de espíritos finitos que, em seu conjunto, constituem uma ordem ideal em que cada um deles conserva sua autonomia. Esta concepção foi apresentada pela primeira vez por G. H. Howison, com o nome de personalismo, em polêmica com Royce e, em geral, com o idealismo absoluto (na discussão publicada com o título The Conception of God, 1897). Em seguida, esse termo foi usado para designar a mesma concepção fundamental por Renouvier (Le personnalisme, 1903), por W. E. Hocking e por outros escritores dos Estados Unidos, onde foi criada, inclusive, uma revista destinada a defendê-la (The Personalist, 1919)- O personalismo, neste sentido, outra coisa não é senão um espiri-tualismo monadológico de cunho leibniziano-lotzista, e de fato o termo personalismo designa nos Estados Unidos a doutrina que na Europa é chamada de espiritualismo .

3) A terceira é uma doutrina ético-política que enfatiza o valor absoluto da pessoa e seus laços de solidariedade com as outras pessoas, em oposição ao coletivismo (que tende a ver na pessoa nada mais que uma unidade numérica), e ao individualismo (que tende a enfraquecer os laços de solidariedade entre as pessoas).

Foi com esse sentido que Dühring empregou esse termo em Geschichte der National— Ökonomie de 1899) —; com esse mesmo sentido, voltou a ser usado depois da Segunda Guerra Mundial por E. Mounier (Le personnalisme, 1950) e, na sua esteira, por numerosos pensadores católicos, defensores do personalismo metafísico. Na oratória mais ou menos confusa, que é a característica dominante desta corrente, a nota conceitual que se consegue discernir é o conceito de pessoa como auto-relação ou consciência. [Abbagnano]


(Acredita-se que o termo foi criado por Renouvier, em 1903, para qualificar sua filosofia), atitude ou doutrina que coloca, acima de qualquer necessidade de estado, de qualquer interesse econômico, de qualquer instituição impessoal, o valor fundamental da personalidade humana. — Vê-se que o personalismo é uma doutrina social cujo princípio é o mesmo da moral kantiana, primado dos problemas sociais e humanos sobre os problemas “metafísicos”; distingue-se do marxismo na medida em que afirma a irredutibilidade da pessoa humana a sua simples função no Estado: preserva assim os valores da “intimidade” e a especificidade da liberdade individual. Através de suas descrições da vida social, o personalismo reencontra os valores do cristianismo e se situa finalmente na linha do existencialismo cristão. O termo de “personalismo” foi justamente aplicado à filosofia de Max Scheler: sua teoria da pessoa concreta como “centro de atos”, como “existênciavalor”, opera a síntese entre o formalismo o respeito da pessoa humana; visa salvaguardar esse respeito, apesar das condições de vida do mundo moderno. O “personalismo” foi criado como doutrina por Emmanuel Mounier. (O que é o personalismo?, 1947): substitui um pensamento “especulativo” por um pensamento “engajado”, afirma o da moral kantiana e o utilitarismo das morais concretas anglo-saxônicas; o personalismo quer-se, ao mesmo tempo, profundamente concreto e profundidade moral. [Larousse]