ascese

O estado voluntário de austeridade, de mortificação, tendo por objetivo a purificação ou a elevação moral da alma. — Diz-se, geralmente, de todo exercício que põe à prova a paciência e a perseverança da vontade: “uma ascese filosófica, política”. O ascetismo é o método moral que consiste em satisfazer o mínimo possível aos instintos da vida animal, em controlar os desejos e em dominar as sensações de prazer e dor. A técnica mais precisa é, sem duvida, a do “yoga”, sobre a qual os filósofos da Antiguidade, como Plotino, já haviam ouvido falar; porém o ideal que nos é mais bem conhecido é o do santo, do qual S. Jerônimo dá exemplo: estritamente vegetariano, indo viver no deserto, levando a sobriedade até a inanição, despreocupando-se mesmo de se lavar; donde a expressão “estar em odor de santidade”. [Larousse]


(gr. askesis; in. Ascesis; fr. Ascèse; al. Askese; it. Ascesi).

Essa palavra significa propriamente exercício e, na origem, indicou o treinamento dos atletas e as suas regras de vida. Com os pitagóricos, os cínicos e os estoicos, essa palavra começou a ser aplicada à vida moral na medida em que a realização da virtude implica limitação dos desejos e renúncia. O sentido de renúncia e de mortificação tornou-se, daí, predominante; na Idade Média, ascese significou mortificação da carne e purgação dos vínculos com o corpo. A revolta contra o ideal ascético iniciou-se no Renascimento, com a revalorização dos aspectos corpóreos e sensíveis do homem. Kant considera a moral ascética como “exercício firme, corajoso e destemido da virtude” e a contrapõe à ascese monástica, “que, por temor supersticioso ou por horror hipócrita a si mesma, costuma mortificar e desprezar o próprio corpo”, castigando-se, em vez de arrepender-se moralmente, isto é, de tomar a resolução de corrigir-se (Met. der Sitten, II, § 53). Schopenhauer deu significado metafísico à ascese, na qual viu “o horror do homem pelo ser, cuja expressão é seu próprio fenômeno, pela vontade de viver, pelo cerne e essência de um mundo que se reconhece cheio de dor” (Die Welt, I, § 68), e por isso o único instrumento de liberação de que o homem dispõe. [Abbagnano]