sol

Falando o nosso autor [Leo Frobenius] da cultura solar que cobriu durante certa época grande parte da terra, oferecendo todo um conjunto de possibilidades de atuação e de implementos de vida, afirma entre outras coisas: “A órbita solar torna-se o fator decisivo, o que dispõe, o que determina o tempo e o espaço… Sentimentos e meditações emocionantes rodeiam o sol. Disto é expressão o mito. Desenvolve-se um simbolismo abundante. Tudo o que vive sua existência mítica no céu é fixado ou configurado plasticamente em formas na terra. A ascensão do grande astro do dia transforma-se numa obra artística que se eleva verticalmente; o mito do roubo do fogo conduz ao rito do fogo e a sacrifícios de fumo perfumado. Grandes festivais reproduzem o drama do sol e da lua; os dois se convertem em globos. O sol se converte em disco; o dragão, símbolo do mar, em barco. O feiticeiro faz-se sacerdote. Nasce o espetáculo sacramental. O divino e os deuses germinam e os homens começam a imitar a vida dos deuses. O cosmos faz-se terrestre”. E também: “O sacerdote torna-se, por um lado, rei com manto purpúreo, coroa e globo e, por outro, funcionário – o espetáculo sagrado dos deuses torna-se a seguir teatro de marionetes; a representação figurada da ascensão do sol, dentro do recinto de quatro pilastras, torna-se o primeiro templo, transforma-se em cachimbo de haxixe e logo cigarro; o dragão do mar, barco transatlântico; o disco solar, carro; o simbolismo sagrado das cifras, matemática; a pelota solar, futebol; a auréola, coroa e guarda-chuva.” [VFSTM:142]


COSMOLOGIA — SOL


Perenialistas: O SOL
Segundo Pierre Gordon, o Sol foi um ser humano, identificado à substância transcendente do astro; por exemplo, descia por vezes à terra sob a forma de um belo homem, para ensinar a agricultura. Sua função iniciática foi, em geral, aquela de um Liberador: donde seu caráter benfazejo. Existe pelo menso algumas exceções. No celtas, nos ameríndios, o sol teve à vezes, o caráter de ogro, devorando seus filhos: o que atesta um antigo emprego como Caçador e Digestor.


Roberto Pla: Evangelho de Tomé – Logion 46
A certa simbologia solar não é alheio o evangelho em alguns de seus planteamentos e como prova está o título de “Sol de justiça” que se aplica a Cristo nas festas litúrgicas da Natividade e da Epifania. Mas isto é um título messiânico, que requer a vinda préviarestauração e assunção — de Elias, precursor “gêmeo” de João Batista e está apropriado de Malaquias quando diz: “Para vós… brilhará o Sol de justiça, com a salvação de seus raios” (Ml 3,20; Justiça tem aqui o sentido de “restauração” triunfal (vitoriosa)).

Mas o símbolo solar empregado pela hermenêutica dos evangelistas não tem só um sentido astronômico e há que vê-lo, sobretudo, como uma expressão de antropologia religiosa.


Robert Fludd: LOGOS SOLAR

Séverin Batfroi: ALQUIMIA E REVELAÇÃO CRISTÃ

Domingo de Ramos: Destaca-se deste relato evangélico um símbolo fundamental, ao qual está associado o caráter solar do Cristo. Sim, seguramente o Verbo encarnando era o sol dos homens, como o ouro, no reino mineral, é o sol dos metais. Em virtude desta correspondência transcendente, verdadeira chave da harmonia divina, pode-se facilmente reencontrar as diferentes manifestações do Espírito no cosmo, em seguida, por degradação, ou ainda melhor, por especificação seus homólogos terrestres. O astro diurno, dispensador deste dinamismo vital ao qual o mundo sublunar deve sua existência, corresponde bem, no reino animal, a este potente felino cuja juba nos deixa lembrar a radiação benfazeja e indispensável. Estas analogias se encontram em todos os níveis, e em cada uma das células do microcosmo, paradigma do macrocosmo. Hermes Trismegisto resumiu estas considerações e as consignou em uma só frase, que se tornou célebre, que agora será mais fácil de compreender: «O que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima, para que sejam feitos os milagres da única coisa».


Simbolismo
Mário Ferreira dos Santos: O SOL COMO SÍMBOLO RELIGIOSO