biologia

ciência da vida. — O termo foi criado simultaneamente, em 1802, por Lamarck na França e por Treviranus na Alemanha. Abrange ao mesmo tempo a vida animal e a vida vegetal. Os métodos da biologia são: 1.° a “analogia”, para a descoberta (a partir de um osso de calcanhar, Cuvier [1769 — 1832] pôde reconstituir a totalidade de um esqueleto de Paleotherium, do qual descobrir-se-ia, mais tarde, um original absolutamente idêntico ao que ele havia reconstituído); 2.° a “concordância variada”, para a comprovação: se um método de analogia é muitas vezes comprovado ele se torna verdadeiro. Mas o problema fundamental da biologia é o da natureza e origem da vida: a vida nasce de um citoplasma primitivo cujo núcleo seria apenas, uma especificação, ou é preciso supor um núcleo de vida original? Cientistas franceses, dos laboratórios de Bures [S.-et-O.] estão-se ocupando diretamente’ desse problema fundamental; suas pesquisas são as que foram levadas mais longe. Parece que o problema das causas do câncer está ligado ao das origens da vida celular. (V. vida.) (Larousse)


Uma vez mais, não é a ciência que nega a Deus – assim como não é a biologia que nega a vida. Como poderíam fazer isso? Simulamos atribuir à própria biologia a palavra de François Jacob: “Hoje já não se interroga a vida nos laboratórios”. E isso porque, por uma vez, o que é dito da ciência por um cientista não decorre do cientificismo, mas é absolutamente verdadeiro. No entanto, refletindo bem sobre isso, é preciso confessar que esta proposição em que se encontra enunciada a verdade da biologia, não é precisamente a biologia que é capaz de formulá-la. Para saber que na biologia já não se trata da vida, é preciso ao menos saber o que é a vida, o que precisamente [366] a biologia não sabe. E assim para a ciência em geral: de que a vida se ausente por princípio do campo galileano, esta ciência não sabe nada e não tem nenhum meio de sabê-lo. E isso porque ela não tem sequer uma ideia da vida, que nunca aparece diante de seu olhar. Porque ignoram toda esta vida fenomenológica absoluta e não podem formular nenhuma proposição a seu respeito, nem, menos ainda, pronunciar uma negação dela, biologia e ciência não podem ser tidas em si mesmas por responsáveis do que se passa sob nossos olhos: são inocentes do assassinato de Deus.

Porque a biologia e a ciência em geral não sabem nada de Deus, tampouco sabem nada, com efeito, deste Si transcendental vivente que tem sua essência da vida e sem o qual nenhum homem é possível. Pois não há nenhum homem que não seja um eu e um Si vivente, e nenhum Si que não se experimente a si mesmo na experiência original de si da Vida absoluta – na Ipseidade de Deus. E, assim como não comete o assassinato de Deus, assim também a ciência não comete o assassinato do homem, do homem cuja essência verdadeira ela ignora por princípio. Por princípio: na medida em que eliminou o viver da vida e assim todo Si vivente no próprio ato pelo qual ela se constituiu. E pois a ideia de um reducionismo científico, isto é, próprio da ciência e cumprido por ela, que aparece como maximamente contestável. Para reduzir o Si transcendental vivente (o Si que se experimenta a si mesmo na experiência de si da vida e que não é um Si senão nesta experiência de si) ao conteúdo temático da ciência galileana e, por exemplo, a sistemas de neurônios, não basta em absoluto conhecer estes últimos, por mais fino e elaborado que possa ser este conhecimento. A condição de todo processo de pensamento que vise a reduzir o ser verdadeiro e essencial do homem a estruturas biológicas e, por exemplo, a sistemas de neurônios é o conhecimento prévio desse Si transcendental sem o qual não há nenhum homem – Si que escapa ao olhar tanto da biologia como da ciência em geral. Na medida em que obedece às pressuposições e às prescrições que pertencem à sua [367] fundação, a ciência moderna se encontra desde o princípio incapaz de proceder à redução que se lhe reprocha. (Michel Henry MHSV)