É razoável atribuir à Inteligência as quatro virtudes clássicas (prudência, coragem, temperança, justiça), que Plotino denomina políticas, talvez melhor traduzidas por sociais? A razão desta questão é provavelmente que estas virtudes supõem uma confrontação com uma oposição de fora. O problema é resolvido comparando as virtudes que estão na Alma do Mundo ao fogo que aquece e aquelas que estão em nós ao que é aquecido ([Enéada I, 2, 1->Eneada-I-2-1]; [Enéada I, 2, 3->Eneada-I-2-3]; [Enéada I, 2, 6->Eneada-I-2-6]; [Enéada I, 2, 7->Eneada-I-2-7]).
Os neoplatonistas distinguem deferentes níveis de virtude. A virtude meramente natural depende da mistura de quente, frio, úmido e seco no corpo. O nível mais inferior das virtudes, as virtudes cívicas, está conectado com a metriopatheia (a moderação das emoções); o nível acima, virtude purificada, é descrita por Plotino acima, com apatheia ou liberdade da emoção. A República de Platão é explicitamente sobre a virtude cívica (demotike na República VI; politike na República IV).
Porfírio distingue quatro níveis de virtude, cívica (politikai), purificatória (kathartikai), contemplativa (theoretikai) e paradigmática (paradeigmatikai) em Sentenças 32. Olimpiodoro insere virtudes de caráter (ethike) produzidas pela habituação diante das virtudes cívicas, com base em que não são racionais.
Considerava-se que o Gorgias e o Fédon eram parte do curriculum com base no fato que tratavam das virtudes cívicas e purificatórias. As quatro virtudes cardeais tratadas na República (prudência, coragem, temperança e justiça) são reconhecidas pelos autores neoplatônicos em diferentes níveis, embora só sejam consideradas ao nível de virtudes cívicas nos escritos de Platão. [Sorabji]
Archibald Joseph Macintyre. OS ANJOS, UMA REALIDADE ADMIRÁVEL. Edições Louva-a-Deus, 1986. [MARA]
As Virtudes (segundo Dionísio) ou Principados (segundo S. Gregório)
Segundo Dionísio, é por meio deste coro da hierarquia angélica que Deus preside o universo.
Sabemos que Deus está em todos os lugares, pois é infinito, mas quer que as Virtudes, sustentadas pela força e poder que d’Ele recebem, mantenham as leis que regem a criação, suspendendo o curso dessas mesmas leis quando sua suprema vontade assim resolve.
As Virtudes têm o poder de acalmar a fúria dos mares e a força dos ventos, o curso dos astros. Em uma palavra: a elas estão sujeitos os fenômenos da natureza.
Santo Tomás mostra as razões pelas quais se admite que as Virtudes, por missão divina, realizam os milagres nas coisas corpóreas. (Suma Teológica Q. CVIII, art. VI).
Deus envia as Virtudes aos que se esforçam por tornarem-se melhores. Os pecadores arrependidos são auxiliados por Virtudes Celestes, para que perseverem no bem. Para melhorarmos nossa vida espiritual devemos invocá-los, porque, não bastam bons pensamentos e resoluções: é necessário coragem e força para cumprirmos as boas resoluções.
As Virtudes são citadas em: São Paulo aos Romanos 8 48-51; Ep. dos Coríntios (15,24) e na carta aos Efésios (1,21).