sacramentos

249. Não é somente pelos atos meritórios, praticados a cada instante, que podemos crescer em graça e perfeição; é ainda pela recepção frequente dos Sacramentos. Sinais sensíveis, instituídos por N. S. Jesus Cristo, os sacramentos significam e produzem a graça em nossas almas. Sabendo como o homem se deixa tomar pelas coisas exteriores, quis Deus, em sua infinita bondade, tornar a graça dependente de objetos e ações visíveis. É de que os Sacramentos contêm a graça que significam e conferem a todos quantos lhes não põem óbice 2; e isto, não unicamente em virtude das disposições do sujeito, senão ex opere operato, como causas instrumentais da graça, sendo sempre, evidentemente, Deus a causa principal, e Jesus a causa meritória.

250. Cada sacramento produz, além da graça habitual ordinária, uma graça que se chama sacramental, ou própria desse Sacramento. Esta não é especificamente distinta da primeira, mas acrescenta-lhe, segundo Santo Tomás e a sua Escola, um vigor especial, destinado a produzir efeitos em relação com cada um dos Sacramentos; ou, em todo o caso, segundo a doutrina universal, confere um direito a graças atuais especiais, que serão conferidas em tempo oportuno, para se cumprirem mais facilmente os deveres impostos pela recepção do Sacramento. Assim, por exemplo, o Sacramento da Confirmação dá-nos a direito a receber graças espirituais atuais de fortaleza sobrenatural, para lutarmos contra o respeito humano e confessarmos a diante de todos e contra todos.

Quatro coisas nos merecem especial atenção:

1.° a graça sacramental própria de cada um dos sete Sacramentos: batismo, confirmação, eucaristia, penitência, extrema-unção, ordem, matrimônio;

2.° as disposições necessárias para melhor nos aproveitarmos deles;

3.° as disposições especiais para o sacramento da penitência;

4.° as que se requerem para a sacramento da eucaristia. (Tanquerey)


Este trecho do romance de Morris West, Os fantoches de Deus (1961), dá uma boa idéia da disciplina arcani: “O artigo sobre a Disciplina do Segredo viera de ‘Paris’ e estava assinado por um certo Jacques Mendel. Dizia respeito à prática em vigor, nas comunidades cristãs primitivas, chamada disciplina arcani. O termo propriamente dito só surgiu no século XVII (por J. Daillé, De usu patrum, Genebra, 1686), mas essa disciplina era uma das mais antigas nas comunidades cristãs e consistia no segredo obrigatório sobre os ritos e as doutrinas mais secretas da Igreja. Não se devia jamais revelá-los aos incrédulos ou mesmo aos aspirantes que se iniciavam. Toda a referência necessária devia ser feita em termos ocultos, sibilinos e mesmo enganadores. O exemplo mais célebre dessa linguagem era uma inscrição descoberta em Autun em 1839: ‘Tomai o alimento doce como o mel do Salvador bem-aventurado. Comei e bebei com o peixe em vossas mãos’. A palavrapeixe’ significava ‘Jesus Cristo, Filho de Deus Salvador’. O ‘alimento doce como o mel’ simbolizava a eucaristia”.

Fazia-se uma distinção — como nas organizações iniciáticas — entre três graus: os Principiantes, os Adiantados, os Perfeitos. Era necessário manter secretos alguns sacramentos, em particular a eucaristia, mas também alguns ritos (fórmulas), alguns dogmas (trindade, transubstanciação), alguns símbolos (o peixe), aos catecúmenos, aos infiéis, aos pagãos, até mesmo aos fiéis.

Destacam-se na disciplina arcani: Clemente de Alexandria (morto em 215), Orígenes (morto em 254), são Basílio (morto em 379), são Cirilo de Jerusalém (morto em 386), santo Inocêncio I (morto em 417), o pseudo-Dionísio o Areopagita.

Em meados de 490, um monge, admirador de Proclo, escreveu. Atribui-se esses textos a são Dionísio o Areopagita, discípulo de são Paulo confundido geralmente com são Dionísio de Paris. O papa Martinho I declarou esses textos canônicos. A teologia mística do pseudo-Dionísio conserva a idéia platônica do Um que está acima e para além da essência (Platão, A república, 509 b), mas dá a ela um sentido cristão transcendente, teísta. Ele introduziu no pensamento cristão a união dos complementares: ele fala das “trevas além da Luz”, do “desconhecimento”, da ignorância que seria o verdadeiro conhecimento. Dá à noção cristã de mistério um teor próximo dos mistérios antigos: “Comunique as verdades sagradas somente de uma maneira sagrada aos homens sagrados por meio de uma sagrada iluminação” (Hierarquia eclesiástica, I, 1).

A Igreja, pode-se dizer, luta com uma energia extrema para minimizar essa tendência da teologia. A partir do século VI, não se trata mais de disciplina do arcano no cristianismo: os catecismos triunfarão sobre a gnose. (Riffard)


Os sete sacramentos da Igreja são as cores prismáticas da luz branca de um único Mistério ou Sacramento, o do segundo nascimento, que o Mestre ensinou a Nicodemos na conversa iniciática noturna com ele. É isso que o Hermetismo cristão entende por “Grande Iniciação”. (M22AMT)


Mistérios Cristãos — SACRAMENTOS

VIDE: Nascer do Alto, Mistério, Iniciação, Liturgia

Sacramentos: BATISMO; CRISMA; EUCARISTIA; EUCHELAION; RITOS SACRAMENTAIS; MISTÉRIOS DOS SACRAMENTOS


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Ambrósio de Milão: SACRAMENTOS

Tomas de Aquino:
«Los Evangelistas no se proponían transmitirnos las formas de los sacramentos las cuales en la Iglesia primitiva habían de conservarse ocultas, como observa Dionisio al cierre de su libro sobre la jerarquía celeste: su objetivo era escribir la historia de Cristo» (Summa III, 78, Art. 3)
«Está claro que si se suprime alguna parte substancial de la forma sacramental, se destruye el sentido esencial de las palabras; y por consecuencia el sacramento es inválido.» Sto. Tomás, Summa III, Q. 60, Art. 8
«Así en la forma de la Eucaristía, porque este es Mi Cuerpo… la omisión de la palabra porque… no es causa de que el sacramento sea inválido; aunque quizás el que hace la omisión puede pecar de negligencia o de contumacia» (Summa III, Q. 60. Art. 8).

Jean Daniélou: Jean Daniélou : Les Sacraments

A. Tanquerey:
249. Não é somente pelos atos meritórios, praticados a cada instante, que podemos crescer em graça e perfeição; é ainda pela recepção frequente dos Sacramentos. Sinais sensíveis, instituídos por N. S. Jesus Cristo, os sacramentos significam e produzem a graça em nossas almas. Sabendo como o homem se deixa tomar pelas coisas exteriores, quis Deus, em sua infinita bondade, tornar a graça dependente de objetos e ações visíveis. É de que os Sacramentos contêm a graça que significam e conferem a todos quantos lhes não põem óbice 2; e isto, não unicamente em virtude das disposições do sujeito, senão ex opere operato, como causas instrumentais da graça, sendo sempre, evidentemente, Deus a causa principal, e Jesus a causa meritória.

250. Cada sacramento produz, além da graça habitual ordinária, uma graça que se chama sacramental, ou própria desse Sacramento. Esta não é especificamente distinta da primeira, mas acrescenta-lhe, segundo Santo Tomás e a sua Escola, um vigor especial, destinado a produzir efeitos em relação com cada um dos Sacramentos; ou, em todo o caso, segundo a doutrina universal, confere um direito a graças atuais especiais, que serão conferidas em tempo oportuno, para se cumprirem mais facilmente os deveres impostos pela recepção do Sacramento. Assim, por exemplo, o Sacramento da Confirmação dá-nos a direito a receber graças espirituais atuais de fortaleza sobrenatural, para lutarmos contra o respeito humano e confessarmos a diante de todos e contra todos.

Quatro coisas nos merecem especial atenção:

1.° a graça sacramental própria de cada um dos sete Sacramentos: batismo, confirmação, eucaristia, penitência, extrema-unção, ordem, matrimônio;

2.° as disposições necessárias para melhor nos aproveitarmos deles;

3.° as disposições especiais para o sacramento da penitência;

4.° as que se requerem para a sacramento da eucaristia.

Meditações Tarô:
Os sete sacramentos da Igreja são as cores prismáticas da luz branca de um único Mistério ou Sacramento, o do segundo nascimento, que o Mestre ensinou a Nicodemos na conversa iniciática noturna com ele (Nascer do Alto). É isso que o Hermetismo Cristão entende por “Grande Iniciação”.