subsistir

(lat. Subsistere; in. To Subsist; fr. Subsister; al. Subsistiren; it. Sussisteré).

Existir como substância, ou existir independentemente do espírito ou do sujeito pensante. No primeiro sentido, esse termo (que no uso latino comum significa persistir ou durar) foi introduzido por Boécio (Phil. cons., III, 11), passando a ser usado desse modo na tradição escolástica (Gilberto della Porre, In Boethi de trinitate, P. L. 64e, 1281; Tomás de Aquino, S. Th., I, q. 29, a. 2). É usado com o mesmo significado pelos escritores modernos, como p. ex. Descartes (IV Rép., I), Arnauld (Log., 1, 2) e Kant, que chama de “categoria da inerência e da subsistência” a categoria da substância (Crítica da Razão Pura, § 10).

No segundo sentido, de existência que não depende do espírito ou do sujeito pensante, esse termo foi usado por Berkeley (Dialogues between Hylas and Philonoûs, I, Works, ed. Jessop, II, p. 199, r.42) e por Kant (Crítica da Razão Pura, § 6, [B52, A36]); foi retomado por Peirce, que com ele designou o ser das relações (“A relação por si é um ens rationis e uma mera possibilidade lógica; mas a sua subsistência tem natureza de fato” (Coll. Pap., 3.571, o texto é de 1903), e estendido por Russell (Problems of Philosophy, 1912, cap. 9) ao modo de ser dos universais e pelos neo-realistas americanos a todas as entidades neutras, constituintes do mundo, que, com sua agregação, podem formar a consciência ou as coisas (The New Realism, 1912). Este segundo significado é ainda bastante difundido na filosofia contemporânea. [Abbagnano]