subjetivo

(in. Subjective; fr. Subjectif; al. Subjektiv; it. Soggettivó).

Aquilo que pertence ao sujeito ou tem caráter de subjetividade. Esse adjetivo teve dois significados, correspondentes aos do termo sujeito, mas somente o segundo ainda é usado. 1. A partir da escolástica do séc. XIII, o adjetivo significa simplesmente substancial. Ockham dizia: “Pode-se dizer com probabilidade que o universal não é algo real que tenha existência substancial (esse subjectivum) na alma ou fora da alma, mas que existe na alma num modo de ser representativo (in esse objectivo) que corresponde àquilo que a coisa externa é na sua existência substancial” (In Sent., I. d. 2, q. 8, E; cf. Duns Scot, Dean., 17, 14). Este significado mantém-se em toda a Idade Média.

2. O significado de subjetivo como pertencente ao eu ou ao sujeito do homem é encontrado pela primeira vez em alguns escritores alemães do séc. XVIII (sobre eles cf. Cassirer, Erkenntnisproblem, 1908, livro VII). Já Baumgarten falava da “ considerada subjetivamente”, em oposição à “ considerada objetivamente”, que é o conjunto de crenças (Mel, 1739, § 993). Algumas décadas depois, discutia-se a beleza ou a verdade: seriam subjetivas ou objetivas? Entendia-se por objetiva “uma propriedade dos objetos”, e por subjetivo “uma representação da relação entre as coisas e nós, ou seja, uma relação com quem as pensa” (J. E. Lossius, Physische Ursachen des Wahren, 1775, p. 65). A mesma distinção encontra-se em Tetens (Philosophische Versuche, 1776,1, pp. 344, 560, etc). Foi desse uso do adjetivo que Kant extraiu o novo significado atribuído ao substantivo sujeito. [Abbagnano]


Etimologicamente, é o que está em relação com o sujeito e, precisamente, segundo o uso efetivo do termo, com o sujeito em contraposição ao objeto; assim, subjetivo é também quase sempre o oposto a objetivo. Na linguagem corrente não filosófica, o significado do vocábulo “subjetivo” é, muitas vezes, variável e ambíguo; por motivo de clareza, importa precatar-nos contra um emprego desmedido e irrefletido do mesmo. Filosoficamente, subjetivo (1) pode significar, em primeiro lugar: existente, por parte do sujeito, em oposição a objetivo, existente por parte do objeto. A acepção mais importante de subjetivo (2) é: não fundado no objeto, mas condicionado somente por sentimentos ou afirmações arbitrárias do sujeito (cf. a certeza puramente subjetiva). Surge outro sentido diferente, quando os atos intencionais são denominados subjetivos (3), na medida em que são considerados, não em sua referência ao objeto, mas como atos reais (acidentes) do sujeito (assim: conceito subjetivo, ou melhor: conceito subjetivamente considerado). Na antiga terminologia escolástica, subjetivo (4) é referido muitas vezes ao sujeito como ao existente em si mesmo; neste caso, existir subjetivamente (não de modo meramente objetivo) significa existir em si mesmo como ente real (não só como objeto no pensamento). Sobre os conceitos de potência subjetiva e objetiva, vide potência. Para complemento do exposto, vide objetivo. — De Vries. [Brugger]