(in. Subjectivism; fr. Subjectivisme; al. Subjectivismus; it. Soggettivismó).
Termo moderno que designa a doutrina que reduz a realidade ou os valores a estados ou atos do sujeito (universal ou individual). Nesse sentido, o idealismo é subjetivismo porque reduz a realidade das coisas a estados do sujeito (percepções ou representações); analogamente, fala-se de subjetivismo moral e subjetivismo estético quando o bem, o mal, o belo ou o feio são reduzidos às preferências individuais. Esse termo é empregado na maioria das vezes com intenções polêmicas, e por isso seu significado não é muito preciso. [Abbagnano]
A tendência a conduzir todo juízo a uma apreciação individual. — O subjetivismo sustenta que o belo e o feio, o verdadeiro e o falso, o bem e o mal dependem do ponto de vista de cada um: é o que se denomina também relativismo: nesse sentido, o filósofo grego Protágoras dizia que “o homem é a medida de todas as coisas”; constatando que o que é bem para um indivíduo pode ser o mal para outro, e que querendo-se o bem de alguém acaba-se por fazer-se-lhe mal, Pirandello escreveu a peça A cada um sua verdade. Em última análise, o subjetivismo conduz toda a existência à existência do sujeito, o mundo exterior à consciência que o tem desse mundo: partindo desse ponto de vista é que se tem frequentemente interpretado, erradamente, a “filosofia do eu” de Fichte (que, ao contrário, baseia-se na realidade da percepção). Contrapõe-se ao realismo natural e ao objetivismo (que, inversamente, consiste em relacionar todos os estados internos a uma causa externa a nós). [Larousse]
É, em oposição, ao objetivismo, o ponto de vista filosófico, segundo o qual é decisivo para o valor do conhecimento, não o objeto, mas a natureza ou o estado do sujeito, conforme a conhecida sentença de Protágoras: o homem é a medida de todas as coisas. Esta sentença entende-se referida ou a certas formas de pensamento, que são comuns a todos os seres pensantes, ou à comum natureza humana, ou a particularidades de determinadas raças tipos psicológicos ou indivíduos, sendo a última concepção a que, de preferência, recebe o nome de subjetivismo. Se se consideram como decisivas as formas de todo pensamento ou a natureza humana comum, a verdade aparece fundada numa legalidade transcendental ou psicológica do sujeito; nos demais casos, consideram-se habitualmente como decisivos os sentimentos e inclinações mais ou menos variáveis; aparece, então, com particular clarividência que o subjetivismo significa relativismo. As teorias do sentimento, especialmente no que tange à essência dos valores, contam com muitos defensores que, no domínio do mero conhecimento sensorial, põem de parte o subjetivismo (subjetivismo valorativo). Assim, por exemplo, considera-se, como medida suprema do valor ético, um peculiar sentimento moral; e, do belo, o “gosto”.
O fundamento último de todo subjetivismo consiste em não ver na essência do espírito a essência do ente aberto à totalidade do ser; por isso, o sujeito aparece entregue necessariamente a seus próprios estados internos e a leis puramente naturais. Pelo que, embora, à primeira vista, o subjetivismo dê a impressão de elevar o homem, fazendo dele o centro de tudo, estudando-o mais de perto verifica-se que ele significa um desarraigamento e, por conseguinte, uma atrofia do mesmo homem. Não se pretende com isto propugnar um objetivismo exagerado. Há, decerto, em nosso conhecimento uma contribuição “subjetiva” isto é, condicionada só pela peculiaridade do sujeito, contribuição que pode constituir um perigo de erro; todavia o espírito não está sujeito a uma cega necessidade de mesclar com o objeto aquilo que unicamente é condicionado pelo sujeito, mas conserva sempre a liberdade de se deixar determinar só pela evidência do ente. — De Vries. [Brugger]
Em relação com o vocábulo subjetivismo podem usar-se em filosofia adjetivos como subjetivo e nomes como subjetividade.. No que toca a subjetivo, remetemos o leitor para o que dizemos no artigo Objecto e Objectivo. Recordaremos aqui duas significações básicas: Por um lado, subjetivismo foi usado especialmente na literatura escolástica, para designar o ser do sujeito numa proposição. O ser de s na proposição “se s é p”. Quando s se referiu a uma substância, subjetivismo significou o mesmo que substância. O ser subjetivismo foi, portanto, o ser real em contraposição com o ser simplesmente representado. Por outro lado, subjetivismo foi usado, e é ainda usado, para designar o que se , , encontra no sujeito como sujeito cognoscente. Neste caso, o subjetivismo é o representado e não o real ou o substancial.
O termo subjetividade pode ter analogamente dois sentidos: segundo um deles, a subjetividade é a caraterística do ser do qual se afirma algo. Segundo o outro, é a caraterística do ser que afirma algo. Como em subjetivo, portanto, a diferença de significado obedece ao fato de num caso a relação considerada ser a relação subjetiva, sujeito–predicado e no outro ser a relação sujeito cognoscente-objeto de conhecimento. [Ferrater]