socrático

Aplica-se este qualificativo ao método e, no feminino, à doutrina de Sócrates (469-399 a. C), o qual, por sua influencia sobre Platão, iniciou o período de floração da filosofia grega. Na luta contra o ceticismo dos sofistas, novos educadores da juventude ateniense, pretende ele ser o verdadeiro educador. Seu método consiste em formular perguntas apropriadas para, com a ajuda de exemplos indutivos, incitar o interlocutor a ultrapassar os argumentos de autoridade e a pensar por si mesmo, bem como a levá-lo a admitir a existência de essências (da virtude, das coisas) eternas, imutáveis, subtraídas ao humano arbítrio, desempenhando, por esta forma, por assim dizer, o serviço de parteira intelectual (maieutike techne): maiêutica. A maneira de proceder de sua investigação e ensino é a ironia (eironeia), a qual tem em pouco apreço a própria ciência (“só sei que nada sei”). O objeto principal de sua filosofia é a ética e a arte de viver: o fim da vida é a felicidade (eudaimonia). O bem consiste no verdadeiramente útil. A verdadeira virtude ou capacidade é tão determinada por um saber profundo, que a vontade e a liberdade são tidas em fraca consideração. Nietzsche vê em Sócrates o momento crítico, a viragem funesta da filosofia ocidental, em que esta passa do mito e do instinto para a “racionalidade” desagregadora da vida (teoria dos dois mundos), ao passo que Kierkegaard de novo pôs em destaque a significação da ironia. — Schuster. [Brugger