(do lat. sanctus, sagrado), absolutamente puro, perfeito. — O modelo de santidade foi dado pela vida de Cristo. Num sentido geral, denominam-se “santos” os mortos que já possuem a felicidade do céu. Distingue-se o santo (que sacrifica sua vida corporal à vida espiritual), o sábio (que concebe a virtude como um “equilíbrio” entre os desejos físicos e as aspirações espirituais: Platão) e o herói (cujo destino é uma realização física — como o herói antigo, célebre por suas proezas físicas na guerra ou em Olímpia — ou uma realização histórica — como o herói moderno: o grande político, o erudito ou o filósofo cuja obra marca uma época). Em outros termos, o herói tem um destino unicamente terrestre; o sábio equilibra a parte das necessidades físicas com as aspirações espirituais; o santo só quer viver da vida do espírito. A noção de santidade é especificamente cristã, na medida em que a libertação espiritual está ligada à ideia de sofrimentos físicos: há, na santidade, algo de “dramático” que é absolutamente estranho à serenidade da ascese hindu: o asceta não é o que supera sua vida física, e sim o que não a sente; devido a isso, o santo nada tem de comum com o “faquir”, por exemplo. [Larousse]
(do lat. sanctus, que por sua vez vem de sacer e sanctus; sacer é o sagrado, e sanctus, o nome de Deus para os sabatinos).
a) Sanctus é o estabelecido como o inviolável, o sagrado, o declarado inviolável.
b) Nas línguas nórdicas tem sua origem em Heil, Heilig e Holy. No inglês significa saúde, salve.
c) Santo é, assim, o que é objeto de respeito inviolável.
d) Diz-se também do que é moralmente perfeito em seus atos ao referir-se às pessoas.
e) É também o divino: A Santa Trindade. [MFSDIC]
O termo grego hagios e o vocábulo latino sanctus, traduzidos por “santo”, designavam um recinto consagrado aos deuses e ao culto. O reservado aos deuses chamava-se hieros, sacrum, sagrado. O recinto no qual se reverenciavam os deuses era o fanum. Antes de se ingressar neste havia um outro recinto, o profanum, “profano”.
Há uma relação estreita entre santidade e divindade. É certo que também se pode entender santo como o que está sancionado (“santificado”) por alguma lei, e que esta pode ser uma lei humana. Em todo caso, fala-se, por vezes, da “santidade da lei”. Mas, ainda nesse caso, supõe-se que a última sanção (ou “santificação”) tem origem na divindade.
Segundo Kant, a santidade é a completa conformidade com a lei moral. No estado de santidade, é impossível transgredir a lei moral pela própria natureza da vontade, e não em virtude de um esforço realizado com o propósito de ser moralmente bom.
Kant indicava que a santidade de Deus não é igual à santidade da lei moral; nesta, ao contrário daquela, existe um dever.
A noção de santo foi investigada por Rudolf Otto como uma categoria especial: a categoria de “o numinoso”. Trata-se de uma categoria exclusivamente religiosa, distinta de qualquer outra. [Ferrater]