(gr. pronoia; lat. providentia; in. Providence; fr. Providence; al. Vorsehung; it. Provvidenza).
Governo divino do mundo, geralmente distinguido de destino, pois é considerado como existente em Deus, ao passo que o destino é esse governo visto através das coisas do mundo. A noção de providência faz parte integrante do conceito de Deus como criador da ordem do mundo ou como sendo Ele mesmo esta ordem. Para os problemas conexos ao conceito de providência, V. mal; teodiceia. [Abbagnano]
Designa a atividade, pela qual Deus guia as criaturas ao fim que lhes é assinalado. A providência abarca, em primeiro lugar, o plano cósmico eterno, de conduzir as criaturas, todas em conjunto e cada uma em particular, a seu fim supremo, que é a glorificação divina. Este plano determina, de antemão, tanto o fim quanto os meios (disposições naturais, condições de existência, etc). Em segundo lugar, a providência abarca a execução desse plano, ou seja, o governo do mundo, que não é só resultado da sabedoria e onipotência de Deus, mas também efeito de seu amor e bondade. Com efeito, para as criaturas, a consecução do seu fim significa participar, em grau diverso, segundo sua natureza, da perfeição divina. — Deus, no governo do universo, serve-se da atividade das causas criadas, não porque renuncie a seu poder, senão para que as criaturas se tornem participantes da preeminência, que implica o serem causas. — Consoante seja natural ou sobrenatural o fim estatuído por Deus para as criaturas (racionais), distinguimos uma providência natural e outra sobrenatural. Que a providência, de fato exercida por Deus, seja sobrenatural, sabemo-lo somente pela revelação. — A providência geral, estende-se à totalidade das criaturas; a particular, aos seres racionais, aos quais os restantes seres estão ordenados. Portanto, a providência é universal, de sorte que, em relação a Deus, não pode haver fracasso.
Entende-se por destino a soma dos acontecimentos da vida humana que não dependem da livre vontade do homem. Conceber este destino como lei cega, que, inclusive, domina a divindade (= fatalismo cósmico), equivale a desconhecer o poder supremo de Deus. A obra do destino, a saber: o estar sujeito às leis da matéria, da vida e da história, com os males físicos e morais que se manifestam nestes domínios, é conhecida e querida ou permitida por Deus. — Aceitar o destino como predeterminação imutável e arbitrária por parte de Deus, quer para a salvação, quer para a eterna condenação (= fatalismo teológico dos maometanos, do calvinismo), equivale a suprimir a liberdade humana. Certamente nada acontece, que Deus não queira ou não permita; mas Deus, por sua onisciência, inclui em seus decretos o comportamento moral livre do homem. Por isso, a oração impetratória não é absurda: quem ora, não pretende lugar contra um plano imutável estabelecido por Deus, mas preenche, por meio de sua oração, o lugar que nesse plano lhe foi oferecido por Deus. — Naumann. [Brugger]