Presépio

NATAL — O PRESÉPIO


Abade Stephane:


Jean Laurent

O Presépio

O presépio figura simbolicamente mais que alegoricamente, a natividade do menino Deus.

É na noite, morte espiritual, que Maria que é nossa alma, dá à luz ao Cristo, que é nossa natureza divina.

Esta êxtase generosa é presidida pelo pai espiritual: São José, aquele que, antes de tudo, renunciou a sua recusa de homem, e conduziu a virgem até a cidade de Davi, centro do mundo, centro do coração. É na intimidade deste presépio-coração que se desenrola a cena divina. A gruta tem duas portas: aquela dos homens, por onde entraram os pais, os pastores, os reis, e aquela de Deus, pequeno orifício no teto da gruta donde cai verticalmente o raio da estrela. Esta estrela é o pequeno Rei da constelação de Leão. Regulus, ou alfa Leo, é o coração do leão. Devido a seu levantar helíaco ela preside às vocações reais segundo a tradição iraniana. É uma estrela branca de magnitude 1,3. Pode-se ver muito facilmente esta estrela brilhante ao Sul da Grande Ursa.

O presépio será portanto uma gruta de dois orifícios, dominada pela estrela dos Reis Magos. A Virgem está ao fundo. Diante dela o Filho. Na entradas da porta dos homens, de pé, São José.

O boi, símbolo da perseverança e do poder, está à direita do Cristo. O asno, símbolo da dissipação, está à esquerda. Eles são como o anjo e o demônio ao redor do homem piedoso meditando.

Os pastores são os homens da vontade reta e boa; os outros, homens ordinários. Os primeiros aportam o cordeiro, os outros os frutos do trabalho e das paixões do homens.

E Ravi é o louco de Deus, o simples de espírito, o iluminado, o dervixe.

Frequentemente presentes nos presépios, os ciganos figuram os homens da idade de outro, eles que não estão fixos em uma sociedade materialista e espiritualmente cristalizada.

Em seguida chegam os Reis Magos, com seus dromedários e seus elefantes: o primeiro Rei é Melchi-or (Melquisedeque). Ele é velho, branco. Aporta o ouro da Realeza. O segundo é Gaspar. Está vestido de vermelho, signo do sacrifício e da paixão. Aporta o incenso do sacerdócio. O terceiro é Baltasar. Ele é negro. Oferece a mirra, signo da morte.

Estes três reis são os três poderes da alma, diz Boaventura. São as três gunas hindus:

Estas três gunas, tradicionalmente branca, vermelha e negra, são também a parte superior da cruz, a parte horizontal e a parte inferior.

Notemos que estes três Reis Magos (Reis-Pontífices) vêm legitimar a tradição nova e sobretudo Melchi-or, rei de Salem, rei-pontífice sempre.

Notemos também que Melchi-or, o maior sobre a terra, coroa o Cristo, enquanto os dois outros reis fazem oferenda em signo de respeito e de fidelidade.

A festa da Epifania será marcada além pela partilha da torta do mundo entre os homens e Deus. No interior deste doce circular está oculta a semente. Ela se abrirá àquele que Deus escolheu.