(lat. oboedientia; in. Obedience; fr. Obéissance; al. Gehorsamkeit; it. Obbedienzá).
Segundo Spinoza, esse é o significado específico de fé. Esta consiste “em ter por Deus sentimentos que, se ausentes, também está ausente a obediência a Deus e que, ao contrário, estarão necessariamente presentes quando estiver presente a obediência” (Tract. theologico-politicus, cap. 14). Esta redução da fé à obediência é expressão das doutrinas que reduzem fé a ato prático. [Abbagnano]
Mas, onde encontrei seres vivos, ouvi também falar de obediência. Tudo que vive obedece.
E esta foi a segunda coisa: recebe ordens aquele que não sabe obedecer a si próprio. Tal é a maneira do que vive.
Mas esta foi a terceira coisa que ouvi: que dar ordens é mais difícil que obedecer. E não apenas porque o que ordena carrega o fardo de todos os que obedecem, e esse fardo pode facilmente esmagá-lo: —
Em toda ordem vi experimento e risco; ao dar ordens, o vivente sempre arrisca a si mesmo.
E também quando dá ordens a si mesmo: também aí tem de pagar por ordenar. Tem de se tornar juiz, vingador e vítima de sua lei.
Mas como acontece isto?, perguntei a mim mesmo. O que persuade o vivente a obedecer, ordenar e, ordenando, também exercer a obediência? [“Da superação de si mesmo”; Nietzsche, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Tr. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2011 (ebook)]