(gr. methodos; lat. methodus; in. Method; fr. Méthode, al. Methode; it. Método).
Este termo tem dois significados fundamentais: 1) qualquer pesquisa ou orientação de pesquisa; 2) uma técnica particular de pesquisa. No primeiro significado, não se distingue de “investigação” ou “doutrina”. O segundo significado é mais restrito e indica um procedimento de investigação organizado, repetível e autocorrigível, que garanta a obtenção de resultados válidos. Ao primeiro significado referem-se expressões como “método hegeliano”, “método dialético”, etc, ou mesmo “método geométrico”, “método experimental”, etc. Ao segundo significado referem-se expressões como “método silogístico”, “método residual” e, em geral, os que designam procedimentos específicos de investigação e verificação. Tanto Platão (Sof, 218 d; Fed., 270 c) quanto Aristóteles (Pol, 1289 a 26; Et. Nic, 1129 a 6) empregam esse termo em ambos os significados; no moderno e contemporâneo, prevalece o segundo. Contudo, é preciso observar que não há doutrina ou teoria, quer científica quer filosófica, que não possa ser considerada sob o aspecto de sua ordem de procedimentos, sendo, pois, chamada de método O próprio Descartes, p. ex., expôs o mesmo conteúdo do Discurso do método na forma de Meditações metafísicas e de Princípios de filosofia: o que por um lado era método, por outro era doutrina. De modo geral, não há doutrina que não possa ser considerada e chamada de método, se encarada como ordem ou procedimento de pesquisa. Portanto, a classificação dos método filosóficos e científicos sem dúvida seria uma classificação das respectivas doutrinas. Quanto às doutrinas que com mais frequência ou razão são chamadas de método, v. os capítulos respectivos: análise; axiomatização; concomitância; concordância; dedução; dialética; diferença; demonstração; indução; prova; resíduos; silogismo; síntese; bem como os verbetes dedicados a cada disciplina: filosofia; física; geometria; lógica; matemática; ciência, etc. [Abbagnano]
(do gr. meta, na direção de, e odos, caminho [interrogar-se sobre o “método” é interrogar-se sobre o “caminho” seguido numa investigação]), conjunto dos processos que conduzem o espírito a um processo determinado: os “métodos” do espírito foram o primeiro objeto da lógica; esta distinguiu, entre as diligências naturais do espírito, dois processos muito gerais do pensamento: a “dedução” (que consiste em concluir, do geral, o particular) e a “indução” (pela qual o espírito passa do particular ao geral). Entre os movimentos gerais do pensamento, pode-se também distinguir a “síntese” e a “análise”. — O estudo dos métodos da investigação e do conhecimento científico é o objeto da “epistemologia”: esta foi sistematicamente desenvolvida, pela primeira vez, por J. S. Mill (autor da teoria geral do conhecimento físico e do enunciado dos três momentos desse conhecimento: “observação dos fatos”, “indução da hipótese” e “verificação experimental”). O método do conhecimento filosófico, ou método reflexivo, define-se como uma “dialética”, isto é, como uma tentativa onde somos conduzidos de uma ideia a seu contrário, até o conhecimento da verdade. (V. dialética, “Discurso sabre o método”, epistemologia.) [Larousse]
Tem-se um método quando se segue um determinado caminho, para alcançar um certo fim, ou posto de antemão como tal. Este fim pode ser o caminho ou pode ser também um fim humano ou vital; por exemplo, a felicidade. O método contrapõe-se à sorte e ao acaso, pois o método é, antes de mais, uma ordem manifestada num conjunto de regras.
Durante algum tempo, foi comum considerar que os problemas relativos ao método são problemas de um ramo chamado metodologia e que esta constitui uma parte da lógica. Afirmou-se também que a lógica, em geral, estuda as formas do pensamento em geral, e a metodologia as formas particulares do pensamento. Hoje em dia, não costumam aceitar-se estas concepções do método e da metodologia; em todo o caso, não se considera que a metodologia seja uma parte da lógica. Por um lado, pode falar-se também de métodos lógicos. Por outro, as questões relativas ao método dizem respeito não só aos problemas lógicos mas também a problemas epistemológicos e até metafísico..
Uma das questões mais gerais, e também mais debatidas, relativamente ao método, é a relação que cabe estabelecer entre o método e a realidade que se procura conhecer. É frequente pensar que o tipo de realidade que se pretende conhecer determina a estrutura do método a seguir, e que seria um erro instituir e aplicar um método inadequado. Pode dizer-se que a matemática não tem o mesmo método que a física, e que esta não tem os mesmos métodos que a história, etc. Por outro lado, pretendeu-se muitas vezes encontrar um método universal aplicável a todos os ramos do saber e em todos os casos possíveis. Há, em qualquer método, algo de comum: a possibilidade de ser usado e aplicado por qualquer pessoa. Esta condição foi estabelecida com toda a clareza por Descartes, quando, no seu Discurso do Método, indicou que as regras metodológicas propostas eram regras de invenção ou de descoberta que não dependiam da particular capacidade intelectual daquele que as usasse. Embora os antigos se tenham ocupado em questões de método, a investigação acerca do método, sua natureza e forma só atingiu o seu apogeu na época moderna, quando se quis um método de invenção distinto da mera exposição e da simples prova do já sabido. Nesse sentido, há uma diferença básica entre o método e a demonstração. Esta última consiste em encontrar a razão pela qual uma proposição é verdadeira. O primeiro, em contrapartida, procura encontrar a proposição verdadeira. Por isso disse Descartes que o seu discurso foi escrito “para conduzir bem a razão e procurar a verdade nas ciências”. Pode falar-se de métodos mais gerais e de métodos mais especiais. Os métodos mais gerais são métodos como a análise, a síntese, a dedução, a indução, etc. Os métodos mais especiais são sobretudo métodos determinados pelo tipo de objeto a investigar ou pela classe de proposições que se propõe discutir. A filosofia ocupa- se não só de questões relativas à natureza do método mas também se pergunta se há ou não algum método mais adequado que outros para o próprio filosofar.
Fizeram-se muitas tentativas para classificar os diversos métodos utilizados na filosofia. Segundo um deles, há três métodos filosóficos fundamentais, cada um dos quais dá origem a um tipo peculiar de filosofia: 1) método dialéctico (Platão, Hegel, etc), que consiste em suprimir as contradições – no processo da natureza ou da história, nos argumentos lógicos, etc, e em subsumi-los em totalidades. Assim se nega a possibilidade de substâncias ou de princípios independentes entre si. 2) métodos logísticos (Demócrito, Descartes, Leibniz, Locke), que consistem em afirmar a existência de princípios (coisas, leis, signos, etc) e em deduzir o resto a partir deles. Aqui dá-se grande importância à definição de caráter unívoco das naturezas simples ou dos termos básicos empregados. 3) método de indagação (Aristóteles, Francis Bacon, etc), que consiste em usar uma pluralidade de métodos, cada um deles adequados ao seu objeto, área ou ciência, atendendo principalmente aos resultados obtidos e ao progresso do conhecimento. Pode também falar-se de dois grupos de métodos: o método causal e o método formal, por um lado; e o método matemático e o genético funcional, por outro. O método causal ocupa-se de processos; o formal, de formas; o matemático-formal recorre à formalização; o genético–funcional sublinha a continuidade das relações causa- efeito (genéticas) e das relações dos meios com os fins (funcionais).
De um modo mais geral, pode falar-se também de métodos racionais em contraposição com métodos intuitivos. [Ferrater]