Segundo a teoria hilemórfica (hilemorfismo), a matéria prima é a base ontológica comum a todos os corpos, não sendo ela todavia corpo ou matéria no sentido da ciência natural (não é uma matéria segunda), mas unicamente a parte essencial determinável de todo ente corpóreo, a qual só pela forma essencial (Forma) que lhe advém passa a ser um determinado corpo (matéria). Aristóteles assim a define: a matéria prima é “o primeiro substrato de toda coisa (corpo), do qual, como de parte essencial internamente constitutiva, se produz alguma coisa de maneira não meramente acidental” (Física, I, 9; 192a 31s.). Segundo S. Tomás de Aquino as palavras “de maneira não meramente acidental” obrigam a distinguir a matéria prima da privação, que é só princípio acidental do devir. A matéria prima é considerada como o fundamento último da passividade dos corpos e da ocupação do espaço pelos mesmos corpos. Segundo a concepção tomista rigorosa, ela é pura ->-potência e, portanto, absolutamente indeterminada por si, ao passo que outros lhe atribuem um mínimo de determinação real (atual). E igualmente controvertida a doutrina tomista, segundo a qual a matéria prima “marcada pela quantidade” (materia signata quantitatae) determina a individuação, o ser-este, dos corpos (indivíduo). — De Vries. [Brugger]