(in. Hylozoism; fr. Hylozoisme; al. Hylozoismus; it. Ilozoismo).
Crença ou doutrina segundo a qual a matéria vive por si mesma, ou seja, possui originariamente animação, movimento, sensibilidade ou qualquer grau de consciência. Essa doutrina não equivale à negação da matéria e à sua resolução em forças ou elementos espirituais (como faz o pampsiquismo); ao contrário, costuma ser uma expressão do materialismo, doutrina que reconhece a matéria como única realidade. A expressão “hilozoísmo” já se encontra em Cudworth. Kant definiu o hilozoísmo como a forma de “realismo da finalidade da natureza”, para o qual “os fins da natureza se fundam no análogo de uma faculdade que age com intenção, a vida da matéria (que existe na própria natureza, ou é produzida por um princípio animador interno, uma alma do mundo)” (Kritik der Urteilskraft, § 72; Metaphysische Anfangsgründe der Naturwissenschaft, Teor. 3, nota).
Neste sentido, são hilozoístas todos os físicos pré-socráticos (Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Parmênides, Heráclito, Empédocles), para os quais no princípio ou nos princípios materiais que admitem há alma e sensibilidade. Hilozoístas são os estoicos, para os quais o princípio constitutivo corpóreo do universo, ou seja, o fogo, é um sopro ou espírito animador e ordenador (Dióg. L., VII, 156; Cícero, De nat. deor., II, 24). O hilozoísmo antigo foi retomado pela filosofia da natureza e pela magia do Renascimento. Segundo Telésio, o calor e o frio, que são os dois princípios que agem na “massa corpórea” inerte, devem ser providos de sensibilidade porque, se não percebessem suas próprias impressões e as ações do princípio oposto, não poderiam combater-se; consequentemente, todas as coisas da natureza são dotadas de sensibilidade. Essa doutrina é repetida nos mesmos termos por Campanella (Del senso delle cose, I, 1) e por G. Bruno, em cujos Diálogos latinos, porém, encontra-se uma acentuação no sentido pampsíquico do hilozoísmo O hilozoísmo é, pois, o pressuposto da magia, como tentativa direta para dominar as forças animadas da natureza através de encantos.
As últimas manifestações do hilozoísmo são observadas no materialismo oitocentista: Haeckel, p. ex., acredita que os átomos são animados e que a matéria e o éter são dotados de sensibilidade e vontade (Die Welträtsel, 1899) . Na filosofia contemporânea pode-se dizer que o hilozoísmo desapareceu, permanecendo o pampsiquismo , que é a metafísica do espiritualismo . [Abbagnano]