haima

gr. haima = “sangue

Já em Homero, haima se emprega fisiologicamente como veículo da vida e da força vital. É um requisito para a manutenção da vida tanto de homens como de animais, porque lhes é física e organicamente necessário. Em Homero, haima indica, de modo metafórico, a descendência. Sendo que o sangue é a sede da vida, “derramar sangue” se empregava, já em data bem recuada, como sinônimo de “matar” (Ésquilo Euménides 653).

No emprego secular, haima se empregava para o sangue tanto de homens como de animais. Atingiu importância especial no emprego cúltico, pois era o elemento mais significante no sacrifício humano, e, depois, no sacrifício de animais que tomou o lugar daquele. Os gregos e romanos ofereciam sacrifícios em prol dos mortos; originalmente, o sangue era derramado sobre os mortos, depois, sobre a pira funerária, e, finalmente, na sepultura e sobre o outeiro do túmulo (Ilíada., 23, 34; cf. Odisseia 11, 35-36, 50, 96). A culpa de sangue tinha de ser expiada pelo sangue. Sendo que Orestes derramara o sangue da mãe dele, as Erínias queriam beber o sangue dele (Ésquilo, Euménides, 261 e segs.). O sangue humano, no entanto, podia ser substituído pelo sangue de animais, e Orestes foi purificado pelo sangue de um porco jovem (Ésquilo, Euménides 28 e segs.).

Considerava-se que o sangue sacrificial tinha poderes fortalecedores e purificadores (Heráclito, Frag. B5; Diels, I, 78). Vários ritos de sangue que incluíam o beber ou aspergir com o sangue, inclusive, muitas vezes, o sangue humano, eram empregados, especialmente os ritos mágicos para trazerem chuva, bem-estar, amor ou dano. O beber do sangue, mormente o de um inimigo morto (Heródoto 4, 64, 1), dava forças, e alimentava o dom da profecia (Pausânias, 2, 24, 1). Numa aliança de sangue, gotas de sangue humano eram coletadas numa taça, e bebidas em vinho por todos os participantes. [DITNT]