(in. Philosophy of Action; fr. Philosophie de l’action; it. Filosofia dell’azione).
Com esse nome indicam-se algumas manifestações da filosofia contemporânea, caracterizadas pela crença de que a ação constitui o caminho mais direto para conhecer o Absoluto ou o modo mais seguro de possuí-lo. Trata-se de uma filosofia de origem romântica: o moralismo de Fichte fundava-se na superioridade metafísica da ação (V. moralismo). O primado da razão prática, de que Kant falara, não tinha significado fora do domínio moral; mas com Fichte esse primado significa que só na ação o homem se identifica com o Eu infinito. O símbolo da filosofia da ação pode ser expresso na frase de Fausto, na obra de Goethe, que propunha traduzir In principio erat Verbum do IV Evangelho por “No princípio era a ação”.
Foi com esses pressupostos românticos que a filosofia da ação se vinculou; na França, através de Ollé-Laprune (1830-99) e de Blondel (1861-1949), assumiu forma religiosa: para ela a ação é o núcleo essencial do homem e só uma análise da ação pode mostrar as necessidades e as deficiências do homem, assim como sua aspiração ao infinito, que, por sua vez, só pode ser satisfeita pela ação gratuita e misericordiosa de Deus. A supremacia da ação era transferida por George Sorel (1847-1922) do domínio religioso para o social e político. Aqui a ação se desembaraçava de toda limitação factual ou racional e era reconhecida como capaz de criar por si, com o mito, a sua própria justificação (Réflexions sur la violence, 1906). A crença de que a ação possa produzir por si só as condições do seu êxito e por si só justificar-se de modo absoluto, constitui o ativismo próprio de algumas correntes filosóficas e políticas contemporâneas.
Por uma das não raras ironias da história do pensamento, justamente uma das correntes que pertencem à filosofia da ação deveria levar a noção de ação até seus limites máximos e encaminhá-la para uma nova fase interpretativa. Essa corrente é o pragmatismo. Se, num primeiro momento, William James declara que a ação é a medida da verdade do conhecer e, portanto, considera-a capaz de justificar proposições morais e religiosas teoricamente injustificáveis, as análises empiristas de James e, melhor ainda, as de Dewey deveriam evidenciar o condicionamento da ação por parte das circunstâncias que a provocam, sua relação com a situação que constitui seu estímulo e, daí, os limites da sua eficiência e da sua liberdade. Mas, desse ponto de vista, a ação deixa de estar ligada unicamente ao sujeito e de encontrar unicamente nele ou na atividade dele (vontade) o seu princípio. Perde a possibilidade de consumar-se e de exaurir-se no próprio sujeito; e torna-se um comportamento, cuja análise deve prescindir da divisão das faculdades ou dos poderes da alma, enquanto deve ter presente a situação ou o estado de coisas a que deve adequar-se (V. ação; comportamento). (Abbagnano)