teoria segundo a qual as diferentes espécies animais se transformam pelo simples movimento de uma revolução (por exemplo, o homem resultaria do macaco). — Essa teoria, sustentada no fim do século passado por Lamarck e Darwin, não é hoje muito acreditada. Subsiste entre as espécies lacunas que a antropologia e a paleontologia não parecem perto de preencher. Ao invés de um evolucionismo geral, reconhece-se um paralelismo das espécies, que não têm nenhum contato entre elas, mas evoluem independentemente umas das outras e no seio de certos limites muito estreitos. Entre as hipóteses avançadas para explicar a evolução dos indivíduos e das espécies, as mais importantes são o “lamarckismo” (influência do meio), o “darwinismo” (seleção natural) o “mutacionismo” (criação de espécies novas através de bruscas modificações genéticas) e o “neodarwinismo” (que nega a hereditariedade dos caracteres adquiridos e analisa a ‘evolução ao nível das transformações dos gens e dos cromossomos). [Larousse]
O evolucionismo (teoria da descendência, transformismo) trata, em geral, da origem daí espécies (filogênese), isto é, procura, mediante um processo de derivação, reduzir a multiplicidade de formas da vida orgânica a umas poucas formas primitivas, e até em sua forma mais radical, a uma só espécie primitiva, e reduzir, por sua vez, esta à matéria inorgânica por meio da geração espontânea ou equivoca (generatio spontanea ou aequivoca). O evolucionismo estreme está em contradição com os fatos: um ser vivo só pode originar-se de outro ser vivo (vida). Existe provavelmente uma variação da espécie, condicionada pela evolução, até ao grau denominado por Lineu “ordem” (p. ex., entre os animais ferozes); mas não se demonstrou com segurança sua existência entre as “classes” (p. ex., mamíferos e aves), e muito menos entre os “tipos” ou hyl (p. ex., vertebrados e invertebrados).
A teoria geral da evolução adotou as foi mas denominadas darwinismo e lamarckismo. Segundo Darwin, a natureza produziu originariamente uma profusão de formas entre si pouco diferenciadas. Explica ele pela seleção a atual limitação a um número relativamente pequeno de espécies bem definidas: nem todas as formas saíram igualmente vitoriosas na luta pela existência, sobrevivendo somente as mais aptas para viver. Estas se transmitiram ulteriormente por hereditariedade, constituindo as espécies atuais. — É inegável o influxo da seleção na formação das espécies hoje existentes, mas ela não explica as profundas diferenças entre as diversas ordens de seres vivos, como nem a evolução específica superior. Os organismos primitivos não são mais incapazes de viver que os superiores. — Segundo Lamarck, as formas estruturais e funcionais do ser vivo originaram-se pela adaptação ativa às diversas condições de vida (p. ex., a membrana interdigital dos palmípedes, pela necessidade de nadar). Estes caracteres pouco a pouco adquiridos ter-se-iam fixado definitivamente por hereditariedade. — O lamarckismo esbarra no duplo obstáculo, de que a paleontologia nos descobre só tipos já determinadamente constituídos sem as inumeráveis formas intermediárias teoricamente necessárias (o que vale também contra o darwinismo) e de que até hoje a transmissão hereditária (hereditariedade) de caracteres adquiridos, positivos, não foi ainda demonstrada.
O que a experiência mostra, em mudanças de formas no transcurso das gerações, são as chamadas mutações, que consistem em variações que, preparadas talvez desde há muito tempo e favorecidas por qualquer circunstância, aparecem repentinamente e desde aí se tornam hereditárias. As mutações são frequentes na natureza, mas, de ordinário, só dizem respeito a variações de escassa importância, que em nenhum caso afetam o plano estrutural total do organismo, não sendo portanto suficientes para explicar as grandes variações dos tipos. — Na variação das espécies, importa distinguir dois casos: 1. modificação de uma organização fundamental já existente e adaptação da mesma a determinadas circunstâncias do meio ambiente (p. ex., passagem da forma de cinco dedos à de dois dedos e à de um dedo nos equídeos); 2. aparecimento de nova estrutura que não só origina por adaptação dos predecessores ao meio ambiente, senão que exige novo ambiente (p. ex., a passagem de réptil a ave ou mamífero. As variações paulatinas podem levar a uma diversificação das espécies, mas não logram explicar como as estruturas fundamentais se originam umas das outras. A origem dos grandes tipos é problema insolúvel, do ponto de vista das ciências naturais. Os “tipos” ou “filos”, e até as “classes” aparecem, a seu tempo, sem membros intermédios. Pode supor-se que surgiram por uma súbita modificação das disposições germinais de seus procriadores.
A questão relativa à origem do homem só pode ser formulada a respeito do corpo, uma vez que a alma humana, por sua natureza espiritual, só pode originar-se por criação imediata. Contudo ela não fica resolvida com o que se disse atrás, porque os monos antropomorfos (pitecantropos), os homens fósseis e o homem atual têm somaticamente a mesma estrutura fundamental. Segundo uma opinião espalhada, o homem atual descende do chamado homem primitivo e este dos antropóides. Contudo, em sentido contrário, fala em primeiro lugar o fato de que, perante o homem atual, não só os antropóides como também os homens fósseis constituem tipos mais especializados, e, em segundo lugar, o fato de um precursor do homem atual com fronte elevada, grande capacidade de crânio e (em parte) sem engrossamento supra-orbitário ter existido ainda “antes” do homem de Neandertal. Os antropóides e os homens fósseis que se apartam do tipo atual são pois, ao sumo, linhas colaterais relativamente ao homem hodierno, não antepassados seus. Se o homem procedesse somaticamente do reino animal, possuiria sua própria linha de ascendentes, ou seja, teria com o símio, um antepassado comum, cujo plasma germinal conteria potencialmente a ambos. A criação e infusão da primeira alma humana trouxe necessariamente consigo a alteração do plasma? Não o sabemos. A paleontologia nada diz sobre tal antepassado. Em todo caso, o homem aparece subitamente como ser dotado de espírito e, consoante as descobertas mostram, nunca, nem sequer em suas formas primitivas, existiu sem cultura. — Brugger.