consequência

(lat. Consequentia; in. Consequence; fr. Conséquence; al. Konsequenz; it. Conseguenzà).

Embora Aristóteles utilize o verbo correspondente a esse substantivo para significar que a conclusão segue-se das premissas do silogismo, esse termo foi introduzido pelos estoicos para indicar a proposição condicional. O latim consequentia foi introduzido por Boécio como sinônimo de “proposição hipotética” (condicional). Segundo ele, a consequência pode ser acidental, como quando se diz “Quando o fogo é quente, o céu é redondo”, ou natural, como quando se diz “Se a Terra ficar do lado oposto, haverá eclipse da Lua”. Neste último exemplo, a consequência apoia-se na “posição dos termos”, no sentido de que o fato de a Terra estar em oposição é a causa do eclipse da Lua (De Syllogismis Hypotheticis, P. L. 640, 835 B). Abelardo reserva o termo consequência para as conexões necessárias que são verdadeiras ab aeterno, como “Se é homem, é animal” (Dialectica, ed. De Rijk, 19702, p. 160). Ockham fez a distinção entre consequência nesse sentido, que ele chamava de formal e que exprime uma conexão necessária ou intrínseca, e a consequência material, que liga extrinsecamente duas proposições, como quando se diz “Um homem corre, portanto Deus existe”, que é válida porque o antecedente é impossível (Summa log., III, III, 1).

Esse termo é usado com significados semelhantes ou análogos pelos lógicos nos séculos seguintes, mas, pelo modo como é tratado, muitas vezes se intrica (ou confunde) com o conceito de proposição hipotética ou de condicional. Na lógica contemporânea, foi usado por Carnap (LogicalSyntax of Language, l 14) para indicar uma relação mais extensa do que a de derivabilidade, da qual, posteriormente, considerou sinônimo (Introduction to Semantics, § 37). Mas, como “condicional”, esse termo confluiu para implicação. [Abbagnano]