(lat. Classicus; in. Classic; fr. Classique; al. Klassische; it. Classico). No latim tardio, esse adjetivo designava o que é excelente em sua classe ou o que pertence a uma classe excelente (especialmente à classe militar). Aulo Gélio (Noct. Att., XIX, 8,15) contrapunha o escritor clássico ao escritor “proletário” (proletarius). Mas a difusão dessa palavra para designar um modo ou estilo excelente — e próprio dos antigos —, na arte e na vida, é devida ao Romantismo, que gostava de definir-se e entender-se sempre em relação ao “classicismo”. Segundo Hegel, o caráter clássico é definido como a união total do conteúdo ideal com a forma sensível. O ideal da arte encontra na arte clássica a sua realização perfeita: a forma sensível foi transfigurada, subtraída à finitude, e inteiramente conformada à infinitude do Conceito, isto é, do Espírito Autoconsciente. E isso acontece porque, na arte clássica, a Ideia infinita encontrou a forma ideal em que exprimir-se, isto é, a figura humana. Todavia, o defeito da arte clássica é o de ser arte, arte na sua completitude, mas nada mais. Em face dela, a arte romântico-cristâ está em nível superior, pois nela a unidade da natureza divina com a natureza humana (isto é, do infinito e do finito) torna-se autoconsciente e, por isso, não se exprime mais de forma externa, mas:sua expressão é interiorizada e espiritualizada. Na arte romântica, a beleza já não é física e exterior, mas puramente espiritual, porque é a beleza da interioridade como tal, da subjetividade inifinita em si mesma (Vorlesungen über die Ästhetik, ed. Glockner, II, pp. 109 ss.). Dessas ideias de Hegel, repetidas de forma pouco diferente por numerosos escritores do período romântico, nasceu o ideal convencional do classicismo como medida, equilíbrio, serenidade e harmonia, contra o qual a distinção de Nietzsche entre espírito apolíneo e espírito dionisíaco (v. apolíneo) representou a primeira reação. Cf. os artigos de Tatarkiewicz e outros na Revue Internationale de Philosophie, 1958, 1 (n. 43). [Abbagnano]