(in. Biologisni; fr. Biologisme; al. Biologismus; it. Biologismó).
1. Interpretação do mundo físico ou do mundo humano por analogia com o organismo (v. organicismo).
2. O mesmo que vitalismo.
3. A metafísica de Hans Driesch (1867-1941), enquanto “filosofia do orgânico”. Driesch divide a filosofia em “doutrina da ordem”, que tem por objeto todo o mundo inorgânico, e “doutrina da vida”, que tem por objeto o mundo orgânico. O pressuposto dessa subdivisão é que o organismo não é redutível às formas ou manifestações da ordem inorgânica; ou, em outras palavras, não é uma máquina. O que ele tem a mais em relação à máquina é a enteléquia, concebida por Driesch como uma espécie de mônada no sentido leibniziano, que determina todo o desenvolvimento de um ser vivo. A enteléquia é supraindividual e suprapessoal: o nascimento de um homem é justamente a manifestação de uma enteléquia, manifestação que termina com a morte. Os indivíduos são, portanto, partes da vida suprapessoal da enteléquia (Philosophie des Organischen, 1908-9; Ordnungslehre, 1925). [Abbagnano]
É a maneira de pensar que encara a realidade e a vida do ponto de vista exclusivamente biológico. Segundo o biologismo, o biológico, ou seja, a vida orgânica ou plasmática (organismo), é idêntico à realidade em geral ou constitui, pelo menos, a única forma de vida. Enquanto o mecanismo só vê os aspectos materiais do ser vivente e o vitalismo procura remediar esta falha por um princípio vital orientador (princípio vital), o biologismo considera o vivente como unidade in-divisa. O biologismo diferencia-se da corrente filosófica denominada filosofia da vida, pelo fato de esta situar no primeiro plano a vida em oposição ao rígido, ao mecânico e ao meramente conceptual, e ele, pelo contrário, a restringir à vida plasmática. Importa, além disso, distinguir do biologismo a interpretação orgânica do universo que concebe a realidade total a maneira de um organismo, empenhando-se, por essa forma, em interpretar o mundo como manifestação ou desdobramento do espírito (da razão).
Segundo o biologismo, os organismos individuais não são os primeiros portadores da vida, mas simples individuações de uma vida (bios) onicompreensiva, quer esta não possa existir senão distribuída em suas individuações (Kolbenheyer), quer ela seja compreendida como fundamento último portador de todo o vivente (Krieck). Nesta segunda concepção, o inorgânico é o que só temporariamente se apartou do processo vital, e a morte o retorno da individuação ao fundamento vivente originário. As unidades superindividuais do orgânico (séries genéticas, raças, comunidades de vida, etc.) não nascem de uma coordenação teleológica dos indivíduos, mas são individuações mais elevadas da vida total. O eu do homem é apenas manifestação transitória da vida (bios) ou um meio de adaptação do plasma vivente a um certo grau de diferenciação. O espírito carece de substantividade. Toda consciência depende constitutivamente de condições orgânicas e desvanece-se, de novo, com elas. — Do ponto de vista epistemológico, o biologismo situa-se no plano do relativismo, muito próximo do pragmatismo. Pensar e conhecer não dão qualquer notícia da realidade, mas servem apenas para a acomodação biológica. Aquilo que alguém tem por verdadeiro depende das possibilidades cerebrais condicionadas pela hereditariedade e pela raça. — O princípio supremo da ética biologista é a auto-afirmação da vida plasmática não só no indivíduo, mas principalmente nas individuações mais elevadas: família, povo, raça. No biologismo resta um certo lugar para uma espécie de religião, mas unicamente onde as manifestações da vida forem encaradas em relação a um fundamento vital. O biologismo mostra-se cego perante os grandes domínios do real. Não resiste à crítica científica, nem à crítica filosófica. Como relativismo renuncia à pretensão de ser um conhecimento verdadeiro. E materialista, não por valorizar apenas o espacial-quantitativo, mas por negar toda realidade espiritual. Quanto à dependência extrínseca do espírito humano relativamente ao conhecimento sensível, ele a interpreta, sem mais, como intrínseca dependência ontológica. (VIDE corpo e alma [Relação entre]). [Brugger]