(in. Ancients and moderns; fr. Anciens et modernes; it. Antichi e moderni).
A disputa sobre a superioridade dos antigos ou dos modernos nasceu na Itália com Pensiere diversi (1620) de Alessandra Tassoni, desenvolveu-se sobretudo na França e na Inglaterra e versou substancialmente sobre o conceito da história como progresso. A noção de progresso, aliás, origina-se precisamente dessa polêmica e, em particular, do Diálogo dos mortos (1683) de Fontenelle. Esse conceito, elaborado nessas discussões, fora já expresso por Giordano Bruno com a afirmação de que “somos mais velhos e temos mais idade do que nossos predecessores”, porque através do tempo o juízo amadurece (Cena delle ceneri, in “Op. It.”, 31-32); conceito este que Bacon exprimira com veritas filia temporis, extraído de Aulo Gélio (Noct.Att., XII, 11): “A Antiguidade”, dizia Bacon, “foi ‘antiga’ e mais velha em relação a nós, mas em relação ao mundo, nova e mais jovem; e assim como de um ancião podemos esperar muito mais conhecimento das coisas humanas e maior maturidade de juízo do que de um jovem — pela experiência e pelo grande número de coisas que viu, ouviu e pensou —, também da nossa época (se tivesse consciência das suas forças e quisesse experimentar e compreender) seria justo esperar maiores coisas que dos tempos antigos, sendo esta para o mundo a maioridade, ajudada e enriquecida por infinitos experimentos e observações” (Nov. Org., I, 84). Esse conceito, repetido por Fontenelle, constituiu o primeiro núcleo da noção de progresso. (Sobre a disputa dos antigos e dos modernos, cf. Rigault, Histoire de la querelle des anciens e des modernes, 1856; J. B. Bury, The Idea of Progress, 1932, cap. IV). [Abbagnano]