animismo

a) Dá-se este nome à doutrina que considera a alma o princípio da vida. Embora moderna a expressão, o conteúdo já vem de doutrinas mais recuadas, sendo comum e constante na filosofia grega. Assim:

1) para os jônicos, o princípio da vida é a alma, mas sendo material, o princípio da vida é material ;

2) em Platão essa alma é o princípio da vida, mas é inferior, perecível, portanto, cabendo a razão à alma superior, imortal, inteligente, imaterial, noûs;

3) os estoicos pouco diferem dos jônicos, embora sejam panteístas;

4) Paracelso segue a de Platão: a vida provém de uma alma intermediária entre o corpo e o espírito;

5) difere o animismo de Aristóteles (Vide alma). A vida provém da alma nutritiva;

6) para Stahl, há uma única alma de onde provém a vida como o pensamento, mas considera a função puramente vital como inferior, não sendo atribuída à parte inteligente, etc. Vide vitalismo, dinamismo, organicismo.

b) Usado ainda para designar o estado mental dos povos primitivos, que emprestam caracteres antropomórficos às coisas da natureza. [MFSDIC]


(in. Animism; fr. Animisme; al. Animismus; it. Animismó).

Termo usado por Tylor (Primitive Culture, I, 1934, pp. 428-429) para indicar a crença difundida entre os povos primitivos de que as coisas naturais são todas animadas; daí a tendência a explicar os acontecimentos pela ação de forças ou princípios animados. No animismo assim entendido Tylor vê a forma primitiva da metafísica e da religião. Essa doutrina partia do pressuposto de que a primeira e fundamental preocupação do homem primitivo era explicar, de algum modo, os fatos que o circundam. A observação sociológica, porém, demonstrou que isso não é verdade e que o primitivo se interessa antes de mais nada pela caça, pela pesca, pelos eventos e pelas festividades da tribo, e que esses interesses não estão vinculadas ao animismo, mas à magia. A doutrina segundo a qual foi do comportamento mágico que nasceu a religião e é em torno dele que gira a cultura primitiva foi chamada pré-animismo. (Cf. Marret, The Threshold of Religion, 1909; G. Frazer, The Golden Bough, 1911-14; Malinowski, Magic Science and Religion, 1925). [Abbagnano]