gr. zoon corpos celestes como animais intelectuais em Fílon e Plotino, ouranioi 7; animais sensíveis e inteligíveis na tradição platônica, zoon 3; distinto dos homens, pneuma 6, zoon 2; universo como sympatheia 1, zoon 3; teorias antigas da zoogonia, zoon 1 [FEPesters]
Os animais (metazoos) são organismos pluricelulares que, como reino próprio, se diferenciam, essencialmente tanto dos protistas uni-celulares ou acelulares (protozoos, grau ínfimo do cosmos vivente), quanto dos vegetais pluricelulares (metafitos). De um ponto de vista meramente descritivo (zoológico), os animais são organismos heterótrofos, ou seja, organismos que se alimentam predominantemente de matérias orgânicas, ao passo que o vegetal, como organismo autótrofo, está ligado à matéria e às energias inorgânicas. O animal produz no interior de seu corpo a energia necessária mediante processos de oxidação levados a efeito na respiração interna. Com isto se relaciona o fato de os animais não estarem tão fortemente ligados ao substrato material como os vegetais; pelo contrário, manifestam grande abundância de formas de movimento e de aparatos sensoriais, que, em larga escala, dispensam o animal de se vincular rigidamente a um lugar. O animal, enquanto organismo, é uma “forma fechada”, por outras palavras, é integrado por sistemas fechados de órgãos e de movimentos circulatórios (circulação sanguínea, sistema nervoso, etc.) providos de órgãos centrais (p. ex., coração, cérebro); as células individuais não se encontram separadas entre si por fortes paredes, como acontece no vegetal, e sacrificam sua independência, no que tange à forma e à função, em favor da superior unidade do órgão; o desenvolvimento consiste na formação de folhas blastodêmicas que, em contraste com a forma ou estrutura aberta do vegetal, leva à constituição de superfícies interiores re-absorventes. Finalmente, o animal possui órgãos correspondentes àqueles que no homem estão ao serviço da vida sensitiva consciente.
Filosoficamente considerado, o animal é um ser vivo que, além da irritabilidade (vegetal), manifesta reações psiquicamente condicionadas; nunca, porém, vida intelectual. Como sujeito da vida sensitiva deve admitir-se uma alma animal. Condição prévia dos atos típicos do comportamento animal é a consciência sensitiva. A demonstração dos modos sensitivos de reagir, bem como a refutação da teoria do automatismo (o animal considerado como máquina que funciona mediante movimentos reflexos: Descartes, Bethe, Loeb e outros) perfaz-se em duas etapas: 1. Enquanto em todos os organismos há processos que se verificam de maneira puramente automática (movimentos reflexos), isto é, rígida, inalterável, uniforme e, do ponto de vista quantitativo, inteiramente dependente do excitante, no comportamento animal, pelo contrário, dão-se processos que seguramente não se explicam pelo puro automatismo; por outras palavras, o animal não reage apenas ao que na excitação há de quantitativo, mas, e isto é o argumento decisivo, ao conteúdo significativo da mesma excitação. P. ex., um cão reage com igual intensidade ao aparecimento do dono, quer este se encontre perto ou longe e, por conseguinte, quer a excitação seja maior ou menor. O que decide é o conteúdo concreto significativo de “dono”. Ora, isto contradiz o modo exclusivamente automático de reagir. Além disso, os animais possuem memória sensitiva e podem aprender por experiência. 2. Todos estes processos se tornam compreensíveis, desde que se admita no animal a existência de estados semelhantes àqueles de que o homem, situado em condições idênticas, tem consciência: percepções, emoções, movimentos instintivos.
A falta de pensar conceptual e de querer inteligente nos animais infere-se da falta de uma linguagem conceptual e de toda sorte de desenvolvimento cultural, duas coisas que, de algum modo, deveriam manifestar-se num ser sensitivo-racional. Aquilo que poderia ser interpretado como linguagem ou cultura ê especificamente imutável e comporta explicação pelo instinto. A denominada inteligência animal não é a capacidade de pensar por conceitos ou de compreender em abstrato a relação meio-fim, mas sim uma aptidão condicionada pela hereditariedade e pelo instinto para se adaptar (com maior ou menor rapidez) ao mundo ambiente. — Haas. [Brugger]