Adrasteia

13. E não se deve descartar aquele argumento que diz que a razão não olha em cada ocasião o presente, mas os períodos passados e também o futuro, de modo a determinar a partir daí o valor dos homens e transformá-los, fazendo dos senhores de outrora escravos, se foram maus senhores e porque assim lhes convém, e pobres daqueles que empregaram mal sua riqueza – e não é desvantajoso para os bons serem pobres – e que aqueles que assassinaram injustamente sejam assassinados injustamente por parte do executor, mas justamente para a vítima mesma, e que a futura vítima se encontre com aquele a quem cabia executar o que ela devia sofrer. Pois, com efeito, não se é escravo por um acaso, nem prisioneiro porque assim aconteceu, nem se tem corpo agredido a esmo, mas as coisas que agora se sofre são aquelas que outrora se fez (Cf. Platão, Leis 872 e); e se alguém matou sua mãe, tomado mulher será morto por seu filho, e se violentou uma mulher, será mulher para que seja violentado. E, daí, por revelação divina, o nome Adrasteia [[“Adrasteia” significa, literalmente, “inevitável”, e é um epíteto de Nêmesis; cf. Platão, Fedro 248 c; Pseudo-Aristóteles, Sobre o Mundo 401 b 13-14.]]: pois esta disposição do cosmos é realmente Adrasteia, realmente justiça e sabedoria admirável. (Enéada III,2,13)

(JCBJ)