(in. Structuralism; fr. Structuralisme; al. Strukturalismus; it. Strutturalismó).
Entende-se por este termo todo método ou processo de pesquisa que, em qualquer campo, faça uso do conceito de Estrutura em um dos sentidos esclarecidos. Esse termo nasceu na Gestalt e na linguística, em que o estruturalismo foi defendido pelos russos R. Jakobson, N. Trubetzkoy e inúmeros outros. Em antropologia, o ponto de vista estruturalista foi introduzido por Radcliffe-Brown, no prefácio à obra African Systems of Kinship and Mariage (1950), tendo sido difundido na antropologia moderna por Lévi-Strauss (Anthropologie Structurale, 1958, espec. cap. XV). Também houve tentativas de estendê-lo a todas as ciências humanas. Em sua exigência mais geral, o estruturalismo não só tende a interpretar um campo específico de indagação em termos de sistema, como também a mostrar que os diversos sistemas específicos, verificados em diversos campos (p. ex., antropologia, economia, linguística), correspondem-se ou têm características análogas. Lévi-Strauss, p. ex., julga possível que uma mesma estrutura possa ser encontrada em três níveis da sociedade: no sentido de que as normas de parentesco e de casamento servem para assegurar a comunicação das mulheres entre os grupos, assim como as normas econômicas servem para assegurar a comunicação dos bens e dos serviços, e as normas linguísticas, a comunicação das mensagens (Anthropologie structurale, cap. III, p. 95).
O estruturalismo manifestou sua oposição a três frentes: historicismo, idealismo e humanismo. Contra o historicismo, que é substancialmente uma consideração longitudinal da realidade, vale dizer, uma interpretação da realidade em termos de devir, desenvolvimento e progresso, afirma o primado da concepção transversal (cross-sectiori), ou seja, da concepção que considera a realidade como um sistema relativamente constante e uniforme de relações. O sistema não é, por certo, considerado estático ou imóvel pelo estruturalismo, porque se admite o estudo diacrônico, além de sincrônico, do sistema, mas o estudo diacrônico está subordinado ao sincrônico, considerando as mudanças temporais como transformações nas relações constitutivas de um sistema ou como oscilações dessas transformações em torno do limite constituído pelo próprio sistema.
Contra o idealismo, o estruturalismo afirma a objetividade dos sistemas de relações, que, mesmo quando concebidos como modelos conceituais, ou seja, como construções científicas, não se reduzem a um ato ou a uma função subjetiva, mas têm como função fundamental explicar o maior número de fatos constatados.
Enfim, contra o humanismo o estruturalismo afirma a prioridade do sistema em relação ao homem, das estruturas sociais em relação às escolhas individuais, da língua em relação ao falante individual e, em geral, da organização econômica ou política em relação às atitudes individuais. Sapir escreveu: “Para nós, as línguas são mais que sistemas de comunicação intelectual. São hábitos invisíveis que envolvem nosso espírito e predeterminam a forma de todas as suas expressões simbólicas (Language, 1922, cap. XI, trad. it., p. 218). Segundo Althusser, a estrutura global da sociedade determina todas as suas manifestações do mesmo modo que a Substância de Spinoza determina todos os seus modos (Lire Le Capital, 1965, IX, trad. it., pp. 196 ss.). Esse determinismo é uma consequência da interpretação realista do conceito de estrutura, não se encontrando em sua interpretação como modelo ou constructo hipotético, passível de interpretações diferentes. Contudo, como historicismo, idealismo e humanismo indeterminista foram os traços característicos do clima idealista da primeira metade do séc. XX, o estruturalismo, em suas várias formas, denuncia o dissolver-se desse clima na cultura contemporânea. [Abbagnano]