A “Loja de São João”, ainda que não seja assimilada simbolicamente à caverna, nem por isso deixa de ser também uma figura do “cosmo”; a descrição de suas “dimensões” é particularmente clara a esse respeito: seu comprimento vai “do oriente ao ocidente”, sua largura do “sul ao setentrião”, sua altura “da terra ao céu” e sua profundidade “da superfície da terra ao seu centro”. Vale a pena observar, como paralelo notável ao que diz respeito à altura da Loja, que, segundo a tradição islâmica, o local de uma mesquita é considerado consagrado, não apenas na superfície da terra, mas desde esta até o “sétimo céu”. Por outro lado, diz-se que “na Loja de São João” levantam-se templos à virtude e escavam-se cárceres ao vício; as ideias de “levantar” e “escavar” referem-se às duas “dimensões” verticais, altura e profundidade, que são contadas segundo as duas metades de um mesmo eixo que vai do “zênite ao nadir”, tomadas em sentido inverso, uma em relação a outra. As duas direções opostas correspondem respectivamente a sattwa e tamas (enquanto rajas corresponde à expansão das duas “dimensões” horizontais), ou seja, às duas tendências do ser na direção dos Céus (o templo) e dos Infernos (o cárcere). Tais tendências são aí “alegorizadas”, mais que simbolizadas, para falar de modo exato, pelas noções de “virtude” e de “vício”, exatamente como no mito de Hércules. (Guénon)