Em Deus não há impulso algum natural cego (Schopenhauer, E. von Hartmann) que paulatinamente se erga ao nível consciencial (panteísmo idealista), nem Deus é puro Pensamento ou pura Ideia, mas possui uma vontade espiritual consciente. De modo idêntico ao que passa com o conhecimento (onisciência), o sujeito querente, o ato de querer e seu objeto principal necessariamente incluído, não se distinguem do Ser eterno, imutável e necessário de Deus. Pelo que, não pode este querer denominar-se “tender”, mas “afirmar-se-a-si-mesmo”, “amar-se-a-si-mesmo”, sem que no entanto o interpretemos como se Deus fosse “posto” por este ato (Fichte). As coisas finitas são objeto de sua livre vontade (liberdade de Deus), enquanto possíveis imitações limitadas de Deus.
A nota mais saliente da vontade divina é sua absoluta santidade–Deus não pode pecar, porque nele coincidem natureza e norma moral. Ama o bem e odeia o mal, porque só pode amar as coisas enquanto são transunto de seu próprio Ser. Todavia não devemos representar-nos o amor e o ódio divinos à maneira dos afetos e paixões humanas. Se, em conformidade com o sentido moderno, se qualificasse de “moral” a liberdade de escolher entre o bem e o mal, Deus estaria para além da moralidade. — Rast. [Brugger]