(in. Variety of Ideas; fr. Varieté d’idées; al. Ideensmannigfültigkeit; it. Varietà di ideé).
Só se admite variedade de ideias no âmbito do segundo significado de ideia, entendida como representação. Descartes distingue três espécies de ideias: inatas, que parecem congênitas no sujeito pensante, adventícias, que lhe parecem estranhas ou vindas de fora; e factícias, que são formadas ou encontradas por ele mesmo. À primeira classe de ideias pertencem a capacidade de pensar e de compreender as essências verdadeiras, imutáveis e eternas das coisas; à segunda classe pertencem as ideias das coisas naturais; à terceira, as ideias das coisas quiméricas ou inventadas (Méd., III; Lettres à Mersenne, 16 de junho de 1641, em (OEuvres, III, 383). Esta classificação parece moldada à que Bacon fizera sobre os ídolos, dividindo-os em adventícios (adscititia) e inatos. “Os ídolos adventícios são introduzidos na mente humana por meio das doutrinas das seitas filosóficas ou através de demonstrações feitas com método errado. Os ídolos inatos pertencem à própria natureza do intelecto, que é propenso ao erro muito mais do que o sentido” (Nov. Org., Pref). Os cartesianos e os wolffianos denominaram ideias material os movimentos que, segundo Descartes, são levados para o cérebro pelos nervos estimulados pela ação dos objetos externos que sensibilizam as diferentes panes do corpo (cf. Descartes, Princ.phil., IV, 196). Essa doutrina foi acatada pelos ocasionalistas, mas também por Wolff (Psychol. rationalis, § 118, 374), por Baumgarten (Met., § 560) e por Kant (Träume eines Geistersehers, erläutert durch Träume der Metaphysik, 1766, I, 3). Fouillée deu o nome de ideia–força “ao encontro do interno e do externo, uma forma que o interno toma pela ação do externo e pela reação própria da consciência” (L’evolutionisme des idées-forces, 1890, p. XV), ou seja a unidade psicofísica que realiza o postulado do monismo psicofísico (v. monismo). [Abbagnano]