Isidoro

Isidoro, Santo (c. 560-636) Bispo de Sevilha. Pertencia a uma devota família católica de origem bizantina ou hispano-romana, a qual, ao que se supõe, ter-se-ia mudado de Cartagena, no sudeste da Espanha, para Sevilha em meados do século VI. Como bispo de Sevilha, o irmão de Isidoro, Leandro, foi o instrumento decisivo para conseguir a renúncia oficial ao Arianismo dentro do reino visigodo, proclamada no Terceiro Concílio de Toledo (580). Isidoro sucedeu a Leandro como bispo por volta de 600 e, durante o seu bispado, Sevilha desfrutou de preeminência como centro intelectual, tendo o mais destacado erudito espanhol da época como bispo.

Durante todo o seu reinado, o rei visigodo Sisebuto (612-21) foi assessorado por Isidoro em assuntos eclesiásticos e intelectuais, e de modo pouco comum, revelou propensão pela aquisição de saber. Isidoro dedicou ao rei um tratado sobre os fenômenos naturais, Da Natureza das Coisas, e foi por ele encarregado de compor as Etimologias, completadas no início da década de 630. Nesse compêndio, englobando assuntos como artes liberais, medicina, direito e a Bíblia, Isidoro utilizou, com engenho e perspicácia, um sistema de conhecimento no qual o significado essencial de um objeto ou fenômeno é revelado pela suposta origem da palavra usada em relação ao mesmo. A obra foi extremamente influente durante toda a Idade Média.

Isidoro também contribuiu para a vitalidade da Igreja espanhola no século VII. Enfatizou a necessidade de um clero educado e criticou o recurso à brutalidade para se obter a conversão da população judaica da Espanha. Presidiu ao Segundo Concílio de Sevilha (619), no qual muitas questões teológicas foram examinadas, e ao Quarto Concílio de Toledo (633), o qual insistiu sobre a uniformidade na liturgia e promulgou a excomunhão por rebelião contra o rei.

Os escritos de Isidoro revelam o seu desejo de ver a Espanha prosperar sob o domínio visigótico e sua hostilidade em relação aos francos. Suas obras foram renomadas entre os homens de saber irlandeses desde meados do século VII e influentes durante o renascimento intelectual da Igreja franca no século IX. Isidoro escreveu uma Crônica (c. 615) e uma História dos Godos, Vândalos e Suevos (c. 625), o único registro existente da história visigótica no período de 589-625/6. Suas outras obras incluem: Das Diferenças e do Significado de Palavras; Lamentações de uma Alma Pecadora; Dos Homens Famosos e Da Cristã, conta os Judeus. Também sobrevivem algumas cartas autênticas, ao lado de muitas falsas. (DIM)