tipo

O conceito de tipo, um dos mais característicos elaborados pela investigação da personalidade, deve ser cuidadosamente diferenciado do conceito de gênero e do de espécie. Enquanto estes se realizam nos indivíduos particulares em sentido essencialmente igual, a imagem típica é uma imagem comum, com a qual os indivíduos particulares de um grupo de homens se parecem mais ou menos. Precisamente por esta semelhança se distinguem, com maior ou menor nitidez, de outros grupos. Deste modo se estabeleceram diversos tipos de temperamento, de caráter, de pensamento, de vontade, de sensibilidade, de memória, etc. O conceito de tipo desempenha importante papel em quase todos os domínios particulares da psicologia, especialmente na caracterología, pois permite operar diferenciações melhores e mais próximas da realidade, entre homem e homem, entre grupo e grupo, do que o permitem as noções de gênero e espécie, dotadas de rigor lógico, mas também de rigidez. Quando se fala de tipos e formas de pensamento, entende-se, não a validade lógica e a verdade do pensamento (relativismo), mas a espécie de sua realização psíquica. — Além da psicologia, muitas outras ciências particulares (geografia, etnografia, botânica, etc.) se aplicam ao estudo de tipos e de qualidades típicas. Suas doutrinas sobre eles constituem as respectivas tipologias. Mas a solução do problema filosófico relativo à essência do tipo em geral compete à tipologia geral. — Willwoll. [Brugger]


(do gr. typos, marca impressa por um golpe, do radical typ, golpe, batida).

a) Platão empregava-a para significar a representação esquemática, pela qual se exprime a essência de uma coisa. Significa o modelo que determina a forma de uma série de objetos, molde. Nesse sentido, arquétipo, protótipo. As formas hierarquicamente mais elevadas, que todas as coisas inferiores imitavam, participando assim analogicamente da forma imutável, eram os arquétipos, os primeiros tipos.

b) Diz-se da série ou conjunto de características que se assemelham mais ou menos às que possuem certos indivíduos, objetos, etc.

c) Também se chama tipo a classe de indivíduos que possui caracteres que a diferenciam de outras.

d) Aplica-se às divisões mais ou menos gerais e amplas do reino animal e vegetal.

e) É empregado na filosofia, na biologia, na fisiologia, na psicologia e nas ciências sociais, segundo as acepções acima. [MFSDIC]


(gr. typos; in. Type; fr. Type; al. Typus; it. Tipo).

No sentido de modelo, forma, esquema ou conjunto interligado de características que pode ser repetido por um número indefinido de exemplares, essa palavra já é usada por Platão (Rep, 379 a, 380 c, 396 e, etc.) e por Aristóteles (Et. nic, II, 2, 1104 a 1; Ibid., II, 7, 1107 b 14, etc). Galeno usou-a para indicar as formas da doença (Op., ed. Kuhn, VII, 463), e essa palavra continuou com o mesmo significado em muitos usos correntes da linguagem comum, científica e filosófica. A biologia e a psicologia utilizam muito esse termo e o consideram fundamental. Kretschmer, p. ex., diz: “Aquilo que chamamos, matematicamente, de pontos focais de correlações estatísticas, chamamos também, em prosa mais descritiva, de tipo constitucionais. (…) Pode-se reconhecer o tipo verdadeiro pelo fato de ele sempre conduzir a maiores conexões de importância biológica. Sempre que há muitas e renovadas correlações com fatores biológicos fundamentais (…) estamos diante de pontos focais da máxima importância” (Körperbau und Charakter, 1948). Em psicologia, o tipo é analogamente definido como “um grupo de padrões correla-tivos”, do mesmo modo como padrão é definido como um grupo de atos comportamentais ou de tendências a ações correlativas (H. J. Eysenck, The Structure ofHuman Personality, 1953, pp. 13 ss.).

O significado dessa palavra não muda na chamada “teoria dos tipo lógicos” de Russell e Whitehead, na qual designa as formas ou os modelos dos conceitos (v. antinomia). Para Peirce, tipo é a palavra ou o signo que não sejam uma coisa única ou um evento único, mas uma “forma definidamente significante” que, para ser usada, deve ganhar corpo numa ocorrência (token); esta deve ser o signo de um tipo, portanto do objeto que o tipo significa. P. ex., é tipo o artigo “o” na língua portuguesa, que não pode ser visto ou ouvido porque não é um evento único, mas determina os eventos únicos, vale dizer, as ocorrências ou os exemplos dele no discurso escrito ou falado (Coll. Pap., 4.537) (v. ocorrência; palavra; signo). [Abbagnano]