Nous partirons d’une parole que saint Jean place dans la bouche de Jésus. S’adressant aux Douze, le Christ johannique leur dit: “dans le monde (en to kosmos), vous avez de la thlipsis” (Jean 16,33b). La phrase renvoie à une expérience qui reste à préciser — et à traduire —, mais qui est de toute évidence tout autant éprouvante qu’éprouvée, puisque le Christ ajoute aussitôt: “mais gardez courage, j’ai vaincu le monde” (ib. 33c). Ce faisant, il indique indirectement que ce qui cause la thlipsis pour ceux auxquels il s’adresse — à savoir les Douze et les chrétiens qui croiront à leur témoignage — n’est autre que le monde puisque la victoire sur celui-ci est ce qui retire à la thlipsis son aiguillon. Plus exactement, elle permet de la vivre sans perdre courage, et nullement d’y échapper, pas plus qu’il ne s’agit de s’évader du monde (Jean 17, 15).
Nous sommes donc en droit de considérer cette phrase comme une déclaration de portée générale, et de donner au syntagme “dans le monde” tout son poids. Il s’agit bien de l’être-dans-le-monde, et du mode chrétien de l’être-dans-le-monde — ce mode n’étant pas, pour saint Jean, une façon de se comporter parmi d’autres, mais la bonne façon, la façon authentique, la seule à la hauteur du monde dans lequel a brillé la lumière qui éclaire “tout homme qui vient dans le monde” (Jean 1, 9). C’est de cette expérience que l’on peut lire comme la formule dans la phrase de Jean. C’est elle qu’il caractérise comme étant une thlipsis. Nous aimerions donc essayer de déployer ce que ce mot contient sous une forme condensée à l’extrême. Nous voudrions en (230) élucider le contenu proprement philosophique, en procédant donc en philosophe, et sans nous embarrasser des exigences d’une exégèse minutieuse.
THLIPSIS = TRIBULAÇÃO, AFLIÇÃO
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Evangelho de Jesus: AQUELES DIAS
Roberto Pla: Evangelho de Tomé – Logion 113
A tribulação (gr. thlipsis), da qual aqui se fala (AQUELES DIAS) é esta morte voluntária a qual o eleito deverá entregar-se com gozo antes de “ver” ao Filho do homem. Este é um mistério que alguns místicos experimentaram e que os evangelhos mencionam em vários pontos.
A doutrina da “tribulação” foi esboçada de forma incompleta, em linguagem de Oráculo, pelos profetas de Israel, com a única diferença com respeito à revelação cristã, que designa a tribulação como precedente do Dia de YHWH e não do Dia do Filho do Homem: “Próximo está o grande dia de YHWH, próximo, a toda pressa vem” (Sofonias 1,14ss). Claro que o Oráculo do profeta Sofonias, no qual Deus aparece como guerreiro é uma manifestação terrível, motivo pelo qual a teologia eclesiástica não admite a identificação deste Dia com o do Filho do Homem descrito por Marcos em sua parábola (AQUELES DIAS), mas na verdade, o único que varia é a cenografia simbólica do relato, cuja identidade real se revela quando o profeta diz: “Dia de ira o dia aquele, dia de angústia e de aperto” (Sofonias 1,15).
Em termos parecidos se expressa o profeta Joel quando diz que o “Dia de YHWH está próximo” (Jl 2,1). Muitas das “tribulações” ali mencionadas foram adotadas muito literalmente para a parábola de Marcos.
De qualquer maneira, a mais bela e direta “volta ao oculto” da parábola de Marcos a proporciona o quarto evangelho na passagem na qual Jesus, o Cristo manifesto e oculto ao mesmo tempo, explica a seus discípulo, que com seus olhos corporais, o veem, a proximidade temporal de seu Dia, de sua Vinda neles, quer dizer, que pronto vão vê-lo “em espírito”. “Dentro em pouco — diz — já não me vereis (não verão ao Cristo manifesto em Jesus), e pouco depois me voltareis a ver (ao Cristo oculto, revelado neles como Filho do homem em seu dia)” (Jo 16,16).
O quarto evangelista explica os motivos de tristeza, quer dizer, de tribulação, e não deixa de comparar “esses dias”, tal como o faz Marcos no capítulo 13, com a mulher com dores de parto, a qual já não se dá conta logo do aperto, aflição (thlipsis) que passou, “pelo gozo de que nasceu um homem no mundo” (Jo 16,21).
O homem que “nasce no mundo” (embora venha de acima) após a tribulação, é o Filho do homem, quer dizer, esse é seu Dia, e desde então, os discípulos, ou melhor todos os que passarem pela tribulação, não necessitarão que se lhes “traduza” o verdadeiro sentido “daquele Dia” em uma linguagem compreensível para a mente humana, quer dizer, “em parábola”. Quem os falará então diretamente, com toda claridade, será o Filho do homem, seu Dia, com o qual se fizeram idênticos e cuja mensagem interior possuem.
A formosa passagem joanica termina com estas palavras: “No mundo tereis tribulação; mas ânimo! eu venci ao mundo”.